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MULHERES DA AQUICULTURA – “Gosto de pensar que o ser humano precisa existir em conjunto com a natureza”, diz Katt Lapa, professora do curso de Engenharia de Aquicultura da UFSC
Data de Publicação: 26 de maio de 2023 09:41:00 Katt Lapa é uma das maiores autoridades brasileiras em Engenharia de Aquicultura. Nesta entrevista, ela fala sobre pesquisa e desenvolvimento para a melhoria deste setor no Brasil; da sua carreira acadêmica e de outros assuntos correlatos a academia e a aquicultura #entrevista #mulheres da aquicultura #liderança feminina #empoderamento #katt lapa
Por Antônio Oliveira
Esta série de entrevista com mulheres que fazem a aquicultura brasileira, em todas as suas nuances, tem o objetivo de mostrar o ideal, a força e as experiências profissionais e de vida dessas mulheres que estão fazendo uma revolução na aquicultura brasileira. Quase dez delas já passaram por aqui, deixando impressionantes páginas de sabedoria, liderança e empreendedorismo social, econômico e ambiental que enriquecem ainda mais este setor produtivo no Brasil.
Aqui está mais uma dessas mulheres: Katt Lapa, portadora de rico currículo acadêmico. Ela é engenheira civil; mestre e doutora em Engenharia Hidráulica e Saneamento; pós-doutora em modelagem numérica ambiental e professora do curso de Engenharia de Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadora deste setor.
A ela dirigimos várias perguntas – algumas até fora do seu foco, mas respondidas com sabedoria e equilíbrio.
- Eu sou uma mulher que procura equilibrar os seus papeis da melhor forma possível, exercendo a minha profissão, a minha maternidade e a minha condição de cidadã. Também gostaria de destacar no meu perfil pessoal e profissional a grande curiosidade que tenho por aprender sobre as situações da vida, as pessoas e, principalmente, como podemos melhorar a vida em sociedade no que tange à infraestrutura necessária para tal – respondeu, apresentando-se.
- Desde muito cedo, ao cursar Engenharia Civil, fui me destacando nas matérias ligadas à água. Estudar hidráulica, recursos hídricos e saneamento me trouxe grande satisfação e um desejo de seguir em frente para buscar meu aperfeiçoamento. Assim, segui meus estudos fazendo mestrado e doutorado com tratamento de águas residuárias municipais e industriais, e desde a minha formação venho trabalhando com tratamentos de águas residuárias aquícolas e Sistemas de Recirculação Aquícola (chamado pela sigla em inglês apenas de RAS, ou seja, Recirculating Aquaculture System) sob diversos processos de tratamento como remoção de sólidos, matéria orgânica, nutrientes e desinfecção – fala sobre sua atuação profissional.
Sobre o atual e futuro panorama da aquicultura brasileira, manifesta-se:
- A aquicultura brasileira ainda carece de muita infraestrutura e aprimoramento de seus processos, para que o custo de implantação da propriedade, assim como os custos oriundos do ciclo de produção, estejam alinhados com processos de engenharia de produção aquícola. Países nos quais os pacotes tecnológicos já estão bem desenvolvidos tiveram um olhar bastante atento para aspectos biológicos da produção aquícola, mas também aspectos da engenharia.
É mais um capítulo de muita difusão de conhecimento, ciência e tecnologia.
Segue a entrevista.
"Somente por meio de um esforço coletivo, incluindo a conscientização, a
educação e a implementação de políticas inclusivas, poderemos avançar no
combate ao machismo estrutural e construir uma sociedade mais justa e
igualitária para todos"
(Foto: acervo pessoal)
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Centro-Oeste Farm News (COFARMNEWS) – Professora, foi com muito prazer e honra que recebi, da Dra. Claudia Kerber, entrevistada que a antecede, sua indicação para dar sequência a esta série. Seja bem-vinda.
Katt Regina Lapa – É com grande satisfação que aceito a indicação da Dra. Claudia Kerber (clique aqui para ler a entrevista), uma mulher que admiro muito pela sua trajetória profissional e grande contribuição para a aquicultura marinha brasileira.
COFARMNEWS – Fique muito à vontade para nos passar seu perfil, que eu sei é de muito estudo, muita Ciência. E aquela pergunta clássica de matérias de comportamento: Quem é Katt Lapa?
Katt Lapa – Eu sou uma mulher que procura equilibrar os seus papeis da melhor forma possível, exercendo a minha profissão, a minha maternidade e a minha condição de cidadã. Também gostaria de destacar no meu perfil pessoal e profissional a grande curiosidade que tenho por aprender sobre as situações da vida, as pessoas e, principalmente, como podemos melhorar a vida em sociedade no que tange à infraestrutura necessária para tal. Nos últimos anos, venho dedicando meu intelecto para estudar e contribuir com a formação de recursos humanos capazes de pensar em como fazer uma aquicultura que contemple os diversos usos da água exigidos pela sociedade e que contemple a sustentabilidade ambiental. Gosto de pensar que o ser humano precisa existir em conjunto com a natureza. Não estamos desconectados da natureza; somos parte dela. E uma vez que desenvolvemos as nossas cidades, a nossa civilização do jeito que é conhecido hoje, é preciso um olhar muito atento para a engenharia necessária para produzir infraestruturas que contribuam de fato com o desenvolvimento da sociedade, respeitando os pilares da sustentabilidade.
CONFARMNEWS – Sua formação acadêmica (Engenharia Civil; mestre e doutora em Engenharia Hidráulica e Saneamento e Pós-doutora em modelagem numérica ambiental), posso estar equivocado, não tem relação direta com a aquicultura. O que fez a senhora abraçar a área, culminando na função de professora do curso de Engenharia de Aquicultura na Universidade Federal de Santa Catarina, além de vários trabalhos de pesquisa neste setor?
"Gosto de pensar que o ser humano
precisa existir em conjunto com a natureza.
Não estamos desconectados da natureza;
somos parte dela"
(Foto: acervo pessoal)
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Katt Lapa – Desde muito cedo, ao cursar Engenharia Civil, fui me destacando nas matérias ligadas à água. Estudar hidráulica, recursos hídricos e saneamento me trouxe grande satisfação e um desejo de seguir em frente para buscar meu aperfeiçoamento. Assim, segui meus estudos fazendo mestrado e doutorado com tratamento de águas residuárias municipais e industriais, e desde a minha formação venho trabalhando com tratamentos de águas residuárias aquícolas e Sistemas de Recirculação Aquícola (chamado pela sigla em inglês apenas de RAS, ou seja, Recirculating Aquaculture System) sob diversos processos de tratamento como remoção de sólidos, matéria orgânica, nutrientes e desinfecção. O desejo de ser professora e pesquisadora me fez conhecer o Departamento de Aquicultura da USFC e prestar o concurso para a vaga com a qual eu exerço minha função atualmente, dando aulas e fazendo pesquisas em tratamento de efluentes aquícolas e em sistemas de recirculação aquícola, mais recentemente, em modelos numéricos hidrodinâmicos de grandes corpos d'água (MOHID). A atividade da aquicultura também é uma atividade que pode gerar efluentes, e esses efluentes, que chamamos de águas residuárias ou residuais, precisam ser analisados com cuidado para que possamos empregar processos de tratamento específicos, adequados à legislação vigente em cada localidade, e também propondo soluções tanto de reúso dessas águas, como também de redução de custos oriundos desses tratamentos.
COFARMNEWS – A partir de uma visão passada e presente da aquicultura brasileira, principalmente do seguimento piscicultura, qual o futuro deste setor produtivo e o que falta para ele ter pacotes tecnológicos que o projete no cenário internacional da aquicultura moderna e competitiva? Como na Noruega, por exemplo!
Katt Lapa – Para responder à sua pergunta, vou me ater aos aspectos da engenharia sanitária e ambiental relacionados. No que tange aos pacotes tecnológicos, ainda há muito espaço para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias que visem não só a redução da geração de efluentes e resíduos sólidos, mas também o aproveitamento desses efluentes para outras produções, como por exemplo, os cultivos integrados com outras plantas, animais ou até mesmo outros peixes. Uma aquicultora moderna e competitiva se faz com desenvolvimento tecnológico. Isso significa dizer que precisamos olhar para o cultivo sob aspectos da engenharia de produção e desenvolver equipamentos brasileiros que possam atender a esse mercado. A aquicultura brasileira ainda carece de muita infraestrutura e aprimoramento de seus processos, para que o custo de implantação da propriedade, assim como os custos oriundos do ciclo de produção, estejam alinhados com processos de engenharia de produção aquícola. Países nos quais os pacotes tecnológicos já estão bem desenvolvidos tiveram um olhar bastante atento para aspectos biológicos da produção aquícola, mas também aspectos da engenharia. Realizaram estudos científicos em escala comercial, com análises de custo-benefício e de engenharia econômica voltados para o aprimoramento dos pacotes tecnológicos. Ao compararmos os processos de produção de proteína de origem aquática com outros processos de produção industrial, percebemos que há muito espaço para o desenvolvimento de novas tecnologias com as quais as diversas engenharias podem contribuir significativamente. Um exemplo que poderia citar seria a necessidade de estudarmos as formas de tratamento dos efluentes aquícolas das espécies cultivadas no Brasil, considerando as nossas especificidades, como temperatura, densidade de produção e infraestrutura disponível. Atualmente, temos uma literatura ainda pouco abrangente e diversificada sobre as espécies brasileiras cultivadas e como essas águas residuárias são produzidas, tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos. Pouco sabemos sobre a vazão de água utilizadas nas diversas formas de cultivo e quais as concentrações de poluentes teremos ao final destes. Para que a aquicultura brasileira possa exportar sua produção será necessário cada vez mais combinarmos os cultivos com os processos de saneamento para recuperação das águas utilizadas visando obtenção das certificações ambientais, provando que temos processos de cultivos sustentáveis.
CONFARMNEWS – Os institutos públicos e privados de pesquisas em aquicultura estão em pleno caminho para esta projeção? O Estado brasileiro tem feito a sua parte?
Katt Lapa – Por natureza, sou uma pessoa otimista e com base nisso, posso afirmar que os institutos públicos e privados de pesquisa em aquicultura estão, sim, trilhando o caminho para essa projeção. Esse tem sido o foco do nosso departamento: formar recursos humanos capazes de identificar os processos de uso da água e adotar as melhores práticas de cultivo, pensando no desenvolvimento sustentável e propondo medidas mitigadoras para situações em que a aquicultura possa provocar impactos ambientais. No entanto, é necessário que o Brasil invista em pesquisas de base e aplicadas, para que esses estudos feitos em laboratórios em pequena escala possam ser ampliados e praticados pelo setor comercial. Esse ainda é um dos desafios que precisamos superar em um curto espaço de tempo, no qual o Estado brasileiro tem muito a fazer.
COFARMNEWS – Quanto a iniciativa privada, como você vê o trabalho dela no intuito de tornar o Brasil em grande potência de pescados?
Katt Lapa – A iniciativa privada faz o seu melhor, na minha visão. É importante destacar que o Brasil possui uma grande potência na produção de organismos aquáticos e precisamos fomentar as parcerias público-privadas e desburocratizar a pesquisa, para que as empresas possam se aproximar das universidades e dos institutos de pesquisa cada vez mais. É fato que o processo atual tende a ser muito burocrático, e às vezes o time da instituição pública não está alinhado com o time da iniciativa privada, fazendo com que os empresários não tenham a paciência necessária para tramitar todos os processos. Isso é prejudicial para o Brasil, uma vez que torna todo o processo moroso. A iniciativa privada precisa de respostas rápidas e muitas vezes as encontra fora das fronteiras brasileiras. Isso, de certa forma, me deixa bastante incomodada, pois temos profissionais qualificados dentro do nosso país, capazes de gerar tecnologia, produção, produtividade e responder às grandes questões que a iniciativa privada necessita. Portanto, meu maior desejo é que cada vez mais instituições de pesquisa públicas estabeleçam parcerias com empresas, cooperativas e todo o setor produtivo privado, e que juntos possamos desenvolver a aquicultura do nosso país.
COFARMNEWS – Qual a importância da Academia no processo de desenvolvimento da aquicultura? Qual é o grau de interesse do jovem estudante pelos cursos voltados para a pesca e aquicultura?
Katt Lapa – Parte da resposta a essa pergunta está contida na resposta anterior. O que posso complementar é que atualmente os estudantes jovens dos cursos voltados para a Pesca e Aquicultura possuem uma grande capacidade de atuação em diversos segmentos do mercado aquícola. No entanto, neste momento, principalmente devido à pandemia, muitos jovens do nosso país tiveram que interromper ou pausar seus estudos para poder trabalhar e sustentar suas famílias, o que fez com que eles se desinteressassem pelos cursos tradicionais de formação em bacharelado, buscando cursos de curta duração. As universidades estão atentas a esse movimento, e muitos cursos estão reformulando seus currículos para atender a esse novo público. No entanto, é importante ressaltar que uma formação de nível superior demanda tempo, e esse tempo, especialmente quando somos jovens, é precioso para nos permitir uma formação ampla e completa como profissionais que seremos. Isso abrange não apenas os conhecimentos técnicos, mas também as habilidades interpessoais, nas quais uma faculdade presencial contribui significativamente. Atualmente, há muitos cursos gratuitos e de alta qualidade nas universidades públicas brasileiras. Posso citar não apenas o curso no qual leciono, a graduação em Engenharia de Aquicultura e pós-graduação em Aquicultura, mas também outras formações como Biologia, Oceanografia, Agronomia, Medicina Veterinária, entre outras, que também contribuem para a aquicultura brasileira. Esses jovens serão os profissionais do futuro e contribuirão de forma significativa para o avanço do Brasil nos índices de produtividade aquícola.
COFARMNEWS – As mulheres da Aquicultura – da executiva do eixo Sul/Sudeste, às marisqueiras e pescadoras das barrancas do rio São Francisco e de outros grandes rios do Norte e Nordeste – estão contribuindo com a construção de um Brasil potente na produção de pescados?
Katt Lapa – As mulheres na aquicultura contribuem sim de forma significativa para a produção de organismos aquáticos em nosso país. Esse número tem aumentado progressivamente ao longo dos anos, especialmente nas universidades, onde temos observado um grande aumento na participação das mulheres em busca de formação acadêmica para se tornarem profissionais nessa área. Essas mulheres formadas, sem dúvida, contribuem para a construção de um Brasil forte na produção de organismos aquáticos. Temos observado isto ao longo dos anos, e visto muitas delas ocupando cargos de liderança no setor produtivo. Minha posição é de que as mulheres são capazes de desempenhar qualquer função dentro da cadeia produtiva aquícola, desde que assim o desejem. Espero que esse percentual de participação feminina na cadeia produtiva de organismos aquáticos só aumente até o ponto de termos o efetivo equilíbrio encontrado na nossa população.
COFARMNEWS – Na sua opinião, as lideranças masculinas da aquicultura têm assimilado bem a força da mulher em seu meio?
Katt Lapa – Essa é uma pergunta complexa e sensível. Espero e desejo que sim, que as lideranças masculinas estejam em sintonia com a realidade atual e com as condições reais de equidade entre os gêneros. Sabemos que as habilidades profissionais não estão relacionadas ao gênero. No contexto do Brasil, o combate ao machismo estrutural é um desafio constante. Para combatê-lo, é preciso promover uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a igualdade de gênero. Somente por meio de um esforço coletivo, incluindo a conscientização, a educação e a implementação de políticas inclusivas, poderemos avançar no combate ao machismo estrutural e construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos.
COFARMNEWS – Com exceção do eixo Sul/Sudeste, nas demais regiões do Brasil a piscicultura é praticada alheia ao associativismo, ao cooperativismo e a uma correspondência mútua produção primária/frigoríficos. Isto tem prejudicado muito o desenvolvimento do setor nestas regiões. Você tem opinião formada sobre este problema, tem alguma sugestão?
Katt Lapa – Acredito que a melhor resposta seria dada por um profissional especializado nessa área, que esteja conectado com as situações específicas. No entanto, posso compartilhar minha opinião sobre o fomento de cooperativas de produção aquícola no Brasil. Na minha visão, é essencial promover e incentivar a prática do associativismo e cooperativismo no setor aquícola em todo o território nacional. Através dessas formas de organização, os produtores podem se unir em cooperativas ou associações para fortalecer sua posição no mercado, compartilhar conhecimentos, recursos e alcançar melhores condições comerciais. As cooperativas de produção aquícola têm potencial para impulsionar o desenvolvimento do setor, especialmente no que diz respeito à capacidade de negociação com fornecedores, distribuidores e compradores. Ao atuarem de forma cooperativa, os produtores podem obter melhores preços para insumos, acessar mercados mais amplos e reduzir custos de produção.
COFARMNEWS – Predomina em Santa Catarina a pesca marinha. O estado é um dos maiores pescadores – artesanais e industriais – do Brasil. Como é a convivência do setor de pesca com o setor de cultivo no Estado? Qual deles merece mais atenção das pesquisas, da Academia?
"É importante destacar que ainda sabemos muito
pouco sobre as águas residuárias aquícolas em
suas diversas formas de produção, uma vez que os
índices de poluição estão diretamente ligados aos
sistemas de produção"
(Foto: acervo pessoal)
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Katt Lapa – Novamente, o meu foco está no tratamento das águas residuais aquícolas e no que tange aos resíduos produzidos pelo setor pesqueiro e pelo setor aquícola, há muito a ser feito. Acredito que ambos merecem atenção, tanto no desenvolvimento de uma pesca sustentável como no cultivo de organismos aquáticos de interesse do estado de Santa Catarina. Atualmente, a maricultura praticada em Santa Catarina está relacionada à produção de moluscos e, mais recentemente, à produção de macroalgas. Essas práticas estão alinhadas com o desenvolvimento sustentável, uma vez que os cultivos são mais ecologicamente sustentáveis.
COFARMNEWS – O Brasil tem uma diversidade muito grande de peixes nativos, principalmente os amazônicos. Entretanto, as pesquisas e o mercado têm centrado foco apenas na exótica tilápia e no amazônico tambaqui, até mesmo porque são duas espécies com maiores pacotes tecnológicos. A professora acredita que a academia e demais institutos de pesquisas, como a Embrapa, deveriam ir mais além das pesquisas com estas duas espécies e mais o pirarucu – espécie que já está no leque de pesquisas, embora ainda de forma muito tímida? Você indicaria outras espécies a serem adaptadas a cativeiros e melhoradas geneticamente?
Katt Lapa – Acredito que o Brasil já possui espécies suficientes em estudos nas instituições de ensino e pesquisa para o desenvolvimento e aprimoramento dos pacotes tecnológicos.
COFARMNEWS – Aquicultura não é só o cultivo de peixes. Há muitas outras espécies que ainda estão num processo muito acanhando de melhoramento genético e mercado. Há espaço no mercado para essas culturas, como por exemplo, o cultivo de rã e jacaré?
Katt Lapa – Com certeza há espaço no mercado. Pesquisas e estudos no aprimoramento das estruturas de cultivo e nas técnicas de mitigação dos impactos ambientais são de fundamental importância para tal.
COFARMNEWS – O Brasil e o Paraguai voltam discutir a parceria dos dois países na administração da Usina Hidroelétrica de Itaipu e do lago desta. Acha importante entrar nesta discussão o cultivo de tilápias neste reservatório? Procedem os argumentos contra? – Embora você não seja bióloga, gostaria de saber a sua opinião.
Katt Regina Lapa – Uma vez que a tilápia já é uma espécie introduzida nas águas brasileiras, como profissional da área de saneamento aquícola penso que devemos discutir esse assunto com a devida profundidade, pensando sempre sob o tripé da sustentabilidade.
COFARMNEWS – Professora, muito obrigado pela oportunidade de estar presente no nosso site, via de regra em nossos arquivos de pesquisa, e o espaço está livre caso deseja comunicar algo mais que ache interessante. E, de praxe, peço que indique a próxima entrevistada.
Katt Regina Lapa – Eu agradeço a oportunidade de me apresentar como uma profissional mulher que atua de forma significativa para o crescimento da produção aquícola brasileira. Meu trabalho envolve formar recursos humanos e desenvolver pesquisas que abordam as questões de saneamento aquícola no Brasil. É importante destacar que ainda sabemos muito pouco sobre as águas residuárias aquícolas em suas diversas formas de produção, uma vez que os índices de poluição estão diretamente ligados aos sistemas de produção. Portanto, é necessário investir em pesquisas para que possamos determinar os parâmetros qualitativos e quantitativos dos efluentes gerados, além de propor soluções tecnológicas que sejam condizentes com as eficiências técnicas e econômicas. O objetivo é garantir que os produtores não sejam sobrecarregados e que o meio ambiente não seja prejudicado. Precisamos assegurar que a produção aquícola brasileira aumente sem exceder as capacidades suporte dos ambientes aquáticos. Quanto à indicação, gostaria de mencionar a professora Débora Fracalossi. Tenho profunda admiração pela trajetória profissional dessa mulher forte, que superou as adversidades da vida e tem contribuído significativamente para o aprimoramento das rações destinadas aos organismos aquáticos brasileiros.
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