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ESPECIAL – Aprosoja e Abramilho debatem comunicação com jornalistas de agro
Data de Publicação: 29 de novembro de 2024 11:44:00 O seminário promovido pela Aprosoja Brasil, Aprosoja Mato Grosso e Abramilho destaca a importância da comunicação eficaz no agronegócio, visando desmistificar o setor e reforçar sua relevância para a segurança alimentar global.
O seminário promovido pela Aprosoja Brasil, Aprosoja Mato Grosso e Abramilho destaca a importância da comunicação eficaz no agronegócio, visando desmistificar o setor e reforçar sua relevância para a segurança alimentar global.
Encontro reuniu produtores de soja e milho e jornalistas de agro (Foto: Wenderson Araújo) |
Por Antônio Oliveira
Para uma pequena parcela das populações urbanas, o agronegócio é um dos setores mais importantes da economia brasileira, sendo responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB); 42% das exportações totais; 37% dos empregos brasileiros e movimentando cerca de 100 bilhões de dólares anualmente. No todo, é um dos mais representativos do mundo, com destaque para a exportação de café, açúcar, carne bovina, de frango e suína, além de ser um dos maiores produtores e exportadores de soja do planeta. Essa oleaginosa, juntamente com o milho e o sorgo, garante que o consumidor em todo o mundo tenha à mesa todo tipo de proteína animal. Sem esses grãos, os diferentes tipos de carne seriam inacessíveis a muitos.
O agro – o consciente, profissional, digamos assim – não é depredador de biomas e de recursos hídricos. Ao contrário, pratica uma produção sustentável para garantir que suas principais plataformas de produção, que são o solo e a água, estejam disponíveis de geração em geração.
Para grande parte das sociedades urbanas, inclusive entre jovens, adolescentes e uma parcela considerável de acadêmicos de diferentes cursos, o agro não é nada disso. Ouvir que o setor mata, que “ninguém come soja”, que é uma organização criminosa; que envenena o solo e os recursos hídricos com excesso de “agrotóxicos”, que as máquinas de plantio e colheita tiram empregos de milhares e tantos outros absurdos é muito comum, por mais absurdos que sejam.
Vilão?
O agro não é vilão. Ele é, aliado à agricultura familiar, o grande responsável pela segurança alimentar de todo o planeta e pela produção de uma infinidade de produtos oriundos de plantas de cultivo, criação, fibras e biomassa. O agro, onde chega, desenvolve e constrói cidades e regiões; fomenta o comércio, serviços e a indústria e, consequentemente, a qualidade de vida das populações.
Entretanto, o agronegócio, enquanto instituição, ainda não aprendeu a quebrar mitos, se defender e se impor como aliado do cidadão, do pobre ao rico. Jamais soube explicar, em massa, a necessidade da aplicação de defensivos nas lavouras; as múltiplas aplicações da soja, do milho, do algodão, do sorgo, da palma etc., a serviço do ser humano. O setor se desenvolve rapidamente, graças, por exemplo, a uma farta rede de instituições de pesquisas públicas e privadas que produzem tecnologias que, entre outros benefícios, permitem que se produza cada vez mais alimentos, fibras e biomassa em menos espaço e com menos recursos hídricos.
Porém, salvo raras exceções, desenvolve-se sob o signo da incompetência na sua comunicação e marketing, além da arrogância. Esses detalhes abrem um imenso abismo entre o setor e as populações urbanas. Pior, para uma imensidão de moradores das cidades, o agro ainda é visto com os conceitos da antiga União Democrática Ruralista (UDR) – nada a ver, a não ser na cabeça dos que veem a terra apenas para especulação e manutenção de latifúndios improdutivos. Não é o caso do verdadeiro agro.
E vou mais além neste debate: em meio a esses desencontros, ultimamente o agro – nem todo ele – se perdeu ao empunhar uma bandeira partidária que não tem nada a ver com o setor. Tornou-se partido político ou “filiou-se” a outro. Aliás, ressalte-se que cada indivíduo que faz o agro tem o direito democrático de ter e tomar partido. Mas o agro, enquanto instituição, não deve ter partido político. Ele é uma força, um Poder de uma inteligência e moral muito grandes para ser um conselheiro de governos e legisladores dos três entes federados. A propósito, certa vez, na Federação das Indústrias de São Paulo, no auge da pandemia de Covid, o saudoso e eterno ministro Alysson Paolinelli concedeu uma entrevista. Eu, que estava presente de forma virtual, perguntei sobre o envolvimento do agronegócio com a política partidária. Ele me respondeu: “O agro não tem que fazer política partidária, mas defender políticas de Estado para o setor”. É isso! Governos não querem provocação, mas sim propostas de soluções para problemas e para o desenvolvimento. Governos passam, o agro e o Estado ficam.
Foto: Wenderson Araújo) |
Instituições representativas do setor, grandes empresas – principalmente as multinacionais – e cooperativas, quando movidos pela consciência de que a comunicação, o marketing e a publicidade são tão importantes quanto a pesquisa, tropeçam na falta de recursos humanos ou na falta de experiência desses. Salvo exceções, são assessorias de marketing e comunicação completamente alheias à dinâmica do setor e do mercado editorial de comunicação social e de marketing, ou agindo de acordo com o que lhes dá na cabeça, quase sempre se desencontrando um do outro. Um desencontro total e dinheiro investido em vão. E, quando investem, no caso das multinacionais e grandes nacionais, só se lembram dos veículos do eixo Sul e Sudeste, esquecendo os especializados regionais, dispersos por regiões onde o agro avança e desloca o eixo do desenvolvimento nacional do Brasil desenvolvido para o Brasil em desenvolvimento – leia-se Norte e Nordeste do Brasil.
“O agro é fundamental para a sociedade e para o bem-estar geral dos povos. Porém, apanha indevidamente por falta de humildade e excesso de arrogância.” Esta é a tecla que este editor bate há mais de vinte anos, inclusive, hás uns 10 anos, na casa da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócios (ABMRA), ciente e preocupado com essa questão, mas ainda patinando nela. Ainda na retórica. Essa afirmação já foi contestada e rebatida com cara feia e/ou retaliação de muitos para este micro empresário da comunicação.
Uma luz no final do túnel
Felizmente, de tanto apanhar, inclusive de sociedades além-fronteiras e levando prejuízos financeiros e de imagem, o agro começa a se mover para reverter essa situação e se tornar compreendido e aceito com carinho – sim, com o carinho e admiração que o verdadeiro agro merece.
Iniciativas começam, mesmo que ainda tímidas, a surgir nesse sentido, como a da Aprosoja Brasil, em parceria com a Aprosoja Mato Grosso e a Abramilho, que organizou um seminário sob o título e objetivo “Diálogo Sustentável – uma reflexão com jornalistas sobre o presente e o futuro do agro brasileiro”. Para ele, foram levados vinte jornalistas especializados em agronegócio e economia das regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste do Brasil.
Este evento aconteceu na última quinta-feira, 28, na sede da Aprosoja Brasil e da Abramilho em Brasília, em uma dinâmica jamais vista por este repórter. Entre uma palestra e outra, os profissionais da comunicação especializada tiveram a oportunidade de debater temas com os painelistas e lideranças dos produtores rurais presentes para esse fim no evento. Não fomos apenas para ouvir, mas também para falar, apontar erros e acertos na produção rural e na comunicação e no marketing do setor. E falamos, desabafamos com seriedade e equilíbrio, apontando um norte. E foi isso que os organizadores do encontro queriam, dizendo eles. Fizemos a nossa parte nesse contexto.
Paineis
O primeiro painel teve como tema “Preservação ambiental nas propriedades rurais: quanto custa preservar o meio ambiente?” e teve como palestrante Glauber Silveira, da Abramilho.
“Uso e ocupação do solo”, com Lucíola Alves, chefe-adjunta da Embrapa Territorial; “O Brasil e as práticas agrícolas sustentáveis: um comparativo entre o Brasil e outros países produtores”, com Fabrício Rosa, da Aprosoja Brasil; “Controle sustentável de pragas”, com o professor Caio Carbonari, da Unesp.
“O Brasil no contexto da sustentabilidade – quais os desafios, ações e ajustes legais?”, com Wellington Andrade, da Aprosoja Mato Grosso; “COP 30, EUDR, moratória: o desafio do Brasil diante das negociações internacionais”, com Daniel Vargas, da Fundação Getúlio Vargas.
Por fim, “A legislação ambiental no Brasil está em conformidade com os compromissos feitos pelo Congresso Nacional?”, com Samanta Pinedo, advogada especialista em Direito Ambiental.
Um conteúdo muito rico, todas essas palestras, que enriqueceram os conhecimentos de jornalistas e produtores.
Galerioa de fotos dos painelistas e líderes rurais
Luciola Magalhães/Embrapa (Foto: Wenderson Araújo) |
Maurício Buffon, presidente da Abramilho (Foto: Wenderson Araújo) |
Paulo Bertolini, presidente da Abramilho (Foto: Wenderson Araújo) |
Welligton Andrade, diretor - executivo da Aprosona - MT (Foto: Wenderson Araújo) |
Glauber Silveira, diretor-executivo da Abramilho (Foto: Andreson Araújo) |
Caio Carbonari, professor da FGV (Foto: Wenderson Araújo) |
Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja Brasil (Foto: Wenderson Araújo) |
Samanta Pineta, Adv. especialista em Direito Ambiental (Foto: Wenderson Araújo) |
Daniel Vargas, doutor em Economia pela FGV (Foto: Wenderson Araújo) |
A opinião dos participantes
Alessandra Melo, do portal Agfeed, destacou a importância do evento: “Acho fundamental, pois o agronegócio ainda enfrenta muitos mitos e informações distorcidas por seus opositores, que frequentemente transmitem uma imagem negativa do setor. Este é um ambiente de diálogo entre as entidades, os líderes dos produtores e os jornalistas, não apenas aqueles especializados em agronegócio, mas também os que cobrem economia e, de certa forma, abordam o agronegócio.”
Ela menciona que “tivemos acesso a informações valiosas da Embrapa Territorial e da Unesp, com pesquisadores que trouxeram dados significativos para reforçar a preocupação do agronegócio com o meio ambiente. Isso nos proporciona mais informações para continuar ajudando o setor na sua comunicação.”
Para o radialista e jornalista Divino Onaldo, do portal Agro & Prosa e da Rádio Morada do Sol, do Rio Verde, Goiás, “o fato do evento se chamar Diálogo já mostra a sua relevância. É dar voz a quem muitas vezes está com o microfone na mão, mas não tem a oportunidade de se pronunciar, de falar com essas entidades. E essa é a importância: trazer o jornalista que é especializado, que entende do agro, para poder colocar seu ponto de vista.”
Guilherme Resck, do SBT News, opina que “a principal importância deste evento, na verdade, é aproximar as instituições do agro do jornalismo, para que o setor se torne mais acessível ao público. Aprender, de fato, as especificidades de cada área no agronegócio e conseguir transmitir a informação de forma clara e coesa para o público.”
Já para a jornalista Letícia Luvison, do Agro Estadão, ela acredita que encontros como este fazem justamente aquilo que o jornalista mais clama: a boa comunicação. “Então, tivemos exemplos aqui de como o agro deveria se comunicar. Tivemos acesso a dados que nós, que cobrimos comumente, às vezes não temos, porque as entidades acabam não comunicando da maneira como gostaríamos. Então, acho que há um grande choque. Nós prezamos pela comunicação e, muitas vezes, eles ficam temerosos em ‘como eu vou me comunicar com esse cara aqui? Será que é confiável e vai dizer exatamente aquilo que eu quero dizer?’. Então, acho que encontros como esse sanam essa situação.”
A profissional defende ainda que “a gente fala sobre como precisamos ter acesso aos dados e de que forma, e eles entendem qual é a melhor forma, a forma mais assertiva de se comunicar. Porque, no fim, tudo se trata de comunicação, da melhor comunicação, e o agro clama por isso, é muito setorizado. Assim, como a gente depende do público urbano, muitas vezes ele é demonizado por esse problema de comunicação, e a comunicação se alastra da maneira como cada um sente. Então, é crucial esse tipo de encontro”, expressou.
Foto: Wenderson Araújo |
Foto: Wenderson Araújo |
Foto: Wenderson Araújo |
Caio Carbonari, professor da Unesp e um dos painelistas do encontro, defendeu que “um evento desse é fundamental, deveria acontecer com muito mais frequência, de maneira que possamos realmente integrar e ter, como é o propósito do evento, um diálogo de mão dupla, aproximando a academia, os jornalistas e o setor produtivo.”
Ainda conforme ele, “claro que cada um fala a sua linguagem. Mas, na hora que colocamos todo mundo na mesma sala e temos a oportunidade de debater efetivamente, todo mundo pode se manifestar e construímos um canal de comunicação muito mais efetivo.”
Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil, compartilha suas expectativas para o evento: “Eu acredito que podemos transmitir essa mensagem. Realizamos um debate onde os jornalistas não apenas ouviram, mas também participaram ativamente. A ideia é que consigamos fazer com que as notícias sobre o agronegócio cheguem ao público urbano. Nosso grande desafio é comunicar ao público urbano a realidade da agricultura brasileira, sem maquiagem ou pegadinhas.”
Ainda conforme ele, “é importante destacar que a grande maioria dos produtores está legalizada dentro das leis vigentes no Brasil. No entanto, mesmo assim, enfrentamos ataques, como os recentes feitos pelo Carrefour e pela Danone. Portanto, nosso objetivo é melhorar a interlocução com os jornalistas, para que as notícias reflitam a verdadeira situação do campo. Esse é o propósito do evento”, concluiu.
Presenças
Estiveram presentes ao evento os jornalistas e seus respectivos veículos:
- Antônio Oliveira – Cerrado Rural Agro
- Wanderley Munhoz – Rádio Agro Hoje
- Iara Reis – Rádio Agro Hoje
- Divino Onaldo – Agro & Prosa
- Lima Rodrigues – Conexão Rural Brasil
- Alessandra Mello – Ag Feed
- Bruno Felisberto – Canal Rural
- Daumildo Júnior – Agro Estadão
- Ederson Granetto – Canal Agro Mais
- Guilherme Resck – SBT News
- Isadora Duarte – Estado de São Paulo
- Letícia Luvison – Agro Estadão
- Marcelo Dias – Canal Rural
- Marcos Tosi – Gazeta do Povo
- Mauro Zanatta – Zannata Comunicação
- Mauro Zafalon – Folha de São Paulo
- Odacil Canepa – Canal do Boi
- Rafael Walendorff – Valor Econômico
- Raphaela dos Reis – Notícias Agrícolas
- Vinícius Leal – TV Globo
Líderes rurais presentes
Além da presença dos presidentes e representantes das três instituições anfitriãs – Maurício Buffon, presidente da Aprosoja Brasil; Wellington Andrade, Diretor Executivo da Aprosoja Mato Grosso; e Glauber Silveira, Diretor Executivo da Abramilho – o encontro contou ainda com a presença das seguintes lideranças:
- Adair José Menegol – Presidente da Aprosoja Rondônia
- Alexandre Glauco – Aprosoja Mato Grosso
- Almir Rogério Michelan – Vice-Presidente da Aprosoja Piauí
- Clodoaldo Calegari – Presidente da Aprosoja Goiás
- Dari Fronza – Ex-Presidente da Aprosoja Tocantins
- Darci Salvetti – Presidente da Aprosoja Bahia
- Fabrício Rosa – Diretor Executivo da Aprosoja Brasil
- Gesiel Dal Pont – Vice-Presidente da Aprosoja Maranhão
- Guilherme Theodoro – Vice-Presidente da Aprosoja Rondônia
- Ireneu Orth – Presidente da Aprosoja Rio Grande do Sul
- José Carlos de Paula – Presidente da Aprosoja Maranhão
- Murilo Ferrari – Presidente da Aprosoja Roraima
- Marcos Falleiros – Vice-Presidente da Aprosoja São Paulo
- Paulo Bertolini – Presidente da Abramilho
- Thiago Facco – Vice-Presidente da Aprosoja Tocantins
- Vanderlei Ataídes – Presidente da Aprosoja Pará
Nota da Cerrado Rural Agronegócios
O repórter participou do evento a convite das três instituições organizadoras. Em tempo: agradecemos a atenção dispensada ao nosso veículo por parte do jornalista Vinicius Tavares, coordenador de Comunicação Social da Aprosoja Brasil, e da assessora da Abramilho, Maria Eustáquia.
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