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CONTROLE FITOSSANITÁRIO - Erradicação do moko da bananeira em área de terra firme exige vazio sanitário de dois anos
Data de Publicação: 10 de outubro de 2024 11:33:00 Doença é causada por bactéria quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada nos estados do Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.
Doença é causada por bactéria quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada nos estados do Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.
Cientistas recomendam o período de 24 meses de
vazio sanitário para evitar o moko da bananeira (Foto: Luadir Gasparotto)
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Da Agência Embrapa de Notícias
Com base em resultados de pesquisa da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) em parceria com Embrapa Roraima, cientistas recomendam o período de 24 meses para o vazio sanitário de bananeiras para a recomposição de áreas de terra firme afetadas pela murcha-bacteriana ou moko da bananeira. A doença é causada pela bactéria Ralstonia solanacearum raça 2, uma praga quarentenária presente sob controle oficial, que se encontra disseminada nos estados do Amapá, Amazonas, Roraima, Pará, Pernambuco, Rondônia e Sergipe.
O moko é uma das doenças mais destrutivas das bananeiras cultivadas em áreas de várzea da região Amazônica, onde as inundações anuais são o ponto crucial para disseminação da bactéria, pois as águas das enchentes disseminam o patógeno ao longo dos rios, contaminando todos os plantios à jusante do bananal afetado.
Nos municípios de Tabatinga e Manicoré, no Amazonas, por exemplo, os plantios são afetados pela doença, pois estão estabelecidos nas áreas de várzea da calha do Alto Solimões e do Rio Madeira, respectivamente. Nesse caso, a erradicação do mal é praticamente impossível, pois, todos os anos, as áreas são inundadas e as águas das enchentes disseminam a bactéria.
Foto: Luadir Gasparotto |
Nas áreas de terra firme, a bactéria se comporta como um patógeno transeunte do solo, pois sobrevive nesse ambiente por tempo limitado. Ela não resiste na ausência de resíduos da planta hospedeira e tampouco produz endósporos, que são estruturas de resistência que garantem a sua sobrevivência sob condições de estresse ambiental. Após o vazio sanitário de dois anos, pode-se plantar novamente bananeiras de mudas sadias no local.
Foto: Luadir Gasparotto |
Não há cultivares resistentes, e o controle químico também não funciona, porque a doença é vascular, informa os pesquisadores da Embrapa Luadir Gasparotto, Mirza Carla Normando e Daniel Schurt, no Comunicado Técnico 168 “Sobrevivência da bactéria Ralstonia solanacearum raça 2,” lançado este ano.
“Em áreas de terra firme, a doença só ocorre quando os produtores utilizam, no plantio, mudas contaminadas oriundas das várzeas. A bactéria é disseminada por contato das raízes entre as plantas e, em poucos meses, causa a morte de todo o plantio”, explica Gasparotto.
Como a disseminação de R. solanacearum raça 2 para as áreas de terra firme é antrópica (causada por ação humana), ela pode ser evitada com medidas de exclusão, ou seja, plantio de mudas sadias, desinfestação de máquinas e implementos utilizados no bananal doente e proibição do trânsito desordenado de veículos, de pessoas e de caixas usadas para transporte das bananas entre os plantios.
Segundo a pesquisa, as medidas de erradicação apresentam bons resultados em plantios de banana em terra firme, mas, para recomendar a erradicação, foi importante definir o período de sobrevivência da bactéria no solo. Por isso, foi realizado um experimento por dois anos, na Embrapa, quando foi avaliada a sobrevivência de mudas de bananeira das cultivares Prata Anã e PV03-44, em solos infestados com a bactéria.
Como foi feito o experimento
Em trincheiras infestadas, no dia da infestação e aos 2, 4, 6, 10, 12, 18 e 24 meses, após a infestação foram plantadas dez mudas tipo chifre de cada cultivar. As avaliações consistiram na contagem mensal, durante 24 meses, de plantas mortas ou apresentando sintomas típicos do moko, como murcha das folhas e escurecimento de tecidos observados por meio de secções transversais do rizoma e do pseudocaule. “Os resultados obtidos indicam que a bactéria R. solanacearum raça 2 sobrevive em rizomas de bananeiras infectadas por até dez meses em solos do tipo Latossolo Amarelo e por até oito meses em solo do tipo Argissolo”, informa o pesquisador.
Foto: Luadir Gasparotto |
Para a erradicação da doença, é importante que todas as bananeiras sejam mortas. Os pesquisadores recomendam que não se deixe nenhuma planta viva. Após a morte de todas as bananeiras, é recomendável que a área seja cultivada com outras culturas, como macaxeira, mandioca, abacaxi, mamão e milho, durante pelo menos 24 meses. Nesse período, todos os resíduos orgânicos do bananal serão decompostos. Após o vazio sanitário, sem bananeiras, durante 24 meses, a mesma área poderá ser estabelecida com novo plantio dessa planta, mas com mudas de procedência conhecida livre de moko.
Foto: Siglia Souza |
Como evitar a doença
- Plantio de mudas comprovadamente sadias (certificadas).
- Desinfestar ferramentas usadas nas operações de desbaste, corte do pseudocaule e colheita; imergindo o material nas soluções de formaldeído (1:3) ou água sanitária (1:2) após seu uso em cada planta.
- Eliminação do coração da bananeira, assim que as pencas emergirem em variedades com brácteas caducas, visando impedir a transmissão pelos insetos, utilizando as mãos para quebrar a ráquis.
- Deve-se realizar o controle das plantas daninhas com aplicação de herbicidas em substituição às capinas manuais ou mecânicas.
- Recomenda-se em áreas de ocorrência do moko, realizar inspeção periódica do bananal, por pessoas bem treinadas, para a detecção precoce das plantas doentes
As ações implementadas nesta pesquisa possuem alinhamento com os seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030: 2 (Fome zero e agricultura sustentável), 9 (Indústria, inovação e insfraestrutura), 11 (Cidades e comunidades sustentáveis), 12 (Consumo e produção sustentáveis), 15 (Vida terrestre) e 17 (Parcerias e meios de implementação)
* Texto produzido pela jornalista Maria José Tupinambá, da Embrapa Amazônia Ocidental.
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