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BOICOTE À SOJA BRASILEIRA – Em nota, a Aprosoja BR contesta a Danone e afirma que decisão da empresa francesa já causa prejuízos ao Brasil
Data de Publicação: 29 de outubro de 2024 09:40:00 A decisão da Danone gera preocupações no agronegócio brasileiro e pode desencadear na pressão de outros países em outros continentes. Aprosoja pede ação do Governo Federal.
A decisão da Danone gera preocupações no agronegócio brasileiro e pode desencadear na pressão de outros países em outros continentes. Aprosoja pede ação do Governo Federal.
Da redação
A Danone, empresa francesa de laticínios, deixou de comprar soja brasileira. A informação foi divulgada pelo diretor de Finanças e Tecnologia de Dados da Danone, Juergen Esser, para a agência de notícias Reuters.
A decisão da Danone é uma resposta às preocupações europeias sobre o desmatamento no Cerrado, onde grande parte da soja brasileira é produzida. O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, cobrindo cerca de 2 milhões de km², e é conhecido por sua rica biodiversidade. Europeus acreditam que a expansão da agricultura e da pecuária nessa região é um dos principais motivos do desmatamento, que pode ter graves consequências ambientais, como perda de biodiversidade e aumento das emissões de gases de efeito estufa.
O anúncio causou grande alvoroço e preocupação no agronegócio da soja no Brasil, uma vez que as consequências negativas poderão vir a exemplo do impacto econômico: a Danone é uma grande compradora de soja brasileira. Sua decisão pode afetar negativamente a economia do setor; outras empresas podem seguir o exemplo da Danone, ampliando o boicote; a pressão internacional reforça a necessidade de o Brasil proteger o meio ambiente e a reputação do país como fornecedor responsável de commodities.
O que diz a Aprosoja Brasil
Nesta manhã de terça-feira, 29, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), a maior corporação do setor de grãos no Brasil, emitiu nota contestando a decisão da Danone. Conforme a entidade, “o boicote adotado pela multinacional francesa já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros, mesmo que a legislação da União Europeia antidesmatamento ainda não tenha entrado em vigor. A nova lei depende de aprovação no Parlamento Europeu, que deve prorrogar sua vigência por um ano.”
Cultivo de soja na região centro-norte do Tocantins (Foto: Antônio Oliveira) |
Segue a íntegra da nota da Aprosoja Brasil.
“A Danone não é a única empresa a se preocupar com o desmatamento no Cerrado. Outras grandes empresas, como a Carrefour, Casino, Auchan, Lidl, Système U, Mousquetaires e Leclerc, também anunciaram que não vão mais importar soja de fornecedores ligados a suspeitas de desmatamento
A recente divulgação de uma notícia dando conta de que a multinacional Danone está deixando de adquirir a soja brasileira para formulação de seus produtos alegando desrespeito à legislação europeia é uma demonstração de desconhecimento ao processo produtivo no Brasil e um ato discriminatório contra o Brasil e sua soberania.
O boicote adotado pela multinacional francesa já traz prejuízos para o Brasil e para os brasileiros, mesmo que a legislação da União Europeia antidesmatamento ainda não tenha entrado em vigor. A nova lei depende de aprovação no Parlamento Europeu, que deve prorrogar sua vigência por um ano.
Para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), este ato de discriminação contra a produção de grãos do Brasil é passível de reclamação por parte do governo brasileiro nas instâncias que regulam o comércio mundial, pelo seu caráter punitivo, discriminatório e coercitivo. Nota-se que a ação da Danone está pautada na coerção da lei pela previsão de multa na hipótese de descumprimento da legislação que ainda nem entrou em vigor.
No entendimento da Aprosoja Brasil, já existem elementos suficientes para que o Brasil lance mão de medidas de compensação, uma vez que há prejuízos aos produtores brasileiros e suas cadeias produtivas, com impactos concretos ao comércio internacional brasileiro.
Neste caso, a primeira medida seria o Governo Brasileiro notificar a União Europeia para que adequasse a sua legislação. O segundo passo, caso o pleito não seja atendido, seria listar os valores que a Europa teria de devolver ao Brasil em função dos prejuízos causados pela sua legislação e, em seguida, avaliar a melhor forma de buscar a compensação, o que incluiria uma reclamação junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
No que se refere ao desconhecimento da Danone e de outras empresas estrangeiras em relação à sustentabilidade brasileira, o Brasil, na realidade, já está atingindo a linha de desmatamento líquido zero há bastante tempo. Embora exista desmatamento, também há muita regeneração da vegetação natural.
Portanto, a afirmação de que o Brasil lidera a destruição de floresta tropical no mundo é fala de quem desconhece a dinâmica das florestas no Brasil. Pior ainda, está discriminando o único produtor de soja no mundo que preserva o meio ambiente e os recursos hídricos dentro das suas propriedades.
Conforme determina o Código Florestal, o produtor rural precisa preservar de 20% a 80% de Reserva Legal e mais as Áreas de Preservação Permanentes (beira de rio, topo de morro e entorno de nascentes). Isso significa que o produtor de soja brasileiro é o único no mundo que preserva o meio ambiente para o Brasil e para a humanidade, deixando de plantar na área preservada para isso. Ou seja, também é o único que está investindo do próprio bolso em preservação ambiental. Comparativamente, os produtores franceses não preservam quase nada.
Diante deste cenário, fica à pergunta: em que país a Danone vai encontrar a soja mais ambientalmente sustentável, com mais teor de óleo e proteína, ideal para produzir os rebanhos leiteiros com o melhor custo-benefício e produzida com as mais reconhecidas boas práticas agrícolas do que nas lavouras do Brasil?
Não é de se duvidar que os produtores rurais brasileiros, cansados de serem injustamente apontados como os vilões, quando na verdade são os heróis da sustentabilidade, comecem a ter motivos de sobra para colocar a Danone e outras marcas mundiais na lista de empresas a serem boicotadas no Brasil.
Aprosoja Brasil”
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