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MEIO AMBIENTE - Pesquisa revela espécies-chave para restauração ecológica na Amazônia Oriental
Uma pesquisa inédita revela a importância de dez espécies de plantas e dez de abelhas na restauração ecológica da Amazônia Oriental, destacando a necessidade de integrar polinizadores nos projetos de recuperação ambiental.
Uma pesquisa inédita revela a importância de dez espécies de plantas e dez de abelhas na restauração ecológica da Amazônia Oriental, destacando a necessidade de integrar polinizadores nos projetos de recuperação ambiental.
Abelha sem ferrão visitando flor na Floresta Nacional de Carajás (Foto: Miguel Aun) |
Da redação
Uma pesquisa inovadora realizada pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV), em colaboração com o Museu Paraense Emílio Goeldi e as universidades federais do Pará (UFPA) e de Minas Gerais (UFMG), identificou dez espécies de plantas e dez espécies de abelhas que desempenham um papel crucial na restauração ecológica da Amazônia Oriental. O estudo, publicado na revista científica Restoration Ecology, propõe uma abordagem que integra plantas e polinizadores nos esforços de recuperação ambiental.
Entre as espécies destacadas estão o urucum (Bixa orellana), o muricí-da-praia (Byrsonima stipulacea) e a abelha jataí (Tetragonisca angustula), que foram consideradas essenciais em uma rede de interações ecológicas capazes de promover a regeneração de áreas degradadas. A pesquisa foi conduzida na Floresta Nacional de Carajás, no Pará, que abrange 800 mil hectares protegidos em uma parceria entre a Vale e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Essa área é equivalente a mais de seis cidades do Rio de Janeiro ou cerca de 800 mil campos de futebol.
Uma abordagem além do plantio de árvores
O estudo explorou as interações entre polinizadores e plantas em diferentes estágios de recuperação ambiental. Entre 2018 e 2019, os pesquisadores catalogaram 118 espécies de plantas e 137 espécies de abelhas, além de vespas e outros insetos. No entanto, os resultados indicaram que apenas uma pequena fração dessas espécies é responsável pela maioria das interações ecológicas observadas, com ênfase nos polinizadores generalistas, que interagem com uma variedade de plantas.
- Tradicionalmente, os projetos de restauração ambiental focam no plantio de árvores. Nossa proposta vai além, integrando espécies de polinizadores que sustentam as interações ecológicas necessárias para a estabilidade e o sucesso a longo prazo desses ecossistemas - afirma Rafael Cabral Borges, pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV-DS).
Benefícios para pequenos agricultores e grandes empreendimentos
Abelha pousa em flor na Floresta Nacional de Carajás, no PA (crédito: Rafael Borges) |
A seleção das espécies considerou características que facilitam o manejo e o potencial de adaptação nos estágios iniciais de restauração. Plantas que se reproduzem por sementes e abelhas que nidificam em cavidades, por exemplo, oferecem vantagens práticas na implementação de projetos.
Borges destaca que os resultados da pesquisa podem ser aplicados tanto por pequenos agricultores, que enfrentam déficits de polinização, quanto por grandes empreendimentos.
- A lista de espécies-chave serve como uma base científica para decisões estratégicas, contribuindo para restaurar áreas degradadas de maneira mais eficiente e sustentável - ressalta.
Além de suas implicações práticas, o estudo enfatiza a importância de entender a restauração ambiental como um processo que depende de redes de interação ecológica, e não apenas do replantio de vegetação
- Garantir essas interações é fundamental para construir ecossistemas resilientes e estáveis no futuro - conclui Borges.
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