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ARTIGO DE OPINIÃO - O Início do fim do império americano
Data de Publicação: 31 de janeiro de 2025 08:58:00 Neste artigo, o Juiz Abílio Wolney Aires Neto, faz reflexões sobre a ascensão e queda de impérios, com foco na transição de poder global dos Estados Unidos para a China, e suas implicações éticas e geopolíticas.
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Ilustração: br.cointelegraph.com
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Por Abilio Wolney Aires Neto
Durante o curso da Faculdade de Filosofia, despertou meu interesse a teoria crítica de uma ética global, os estudos pós-coloniais e os debates sobre a geopolítica filosófica. Esses campos de estudo oferecem ferramentas para compreender as dinâmicas de poder, hegemonias e os ciclos históricos que moldam o mundo. Essa perspectiva filosófica lança luz sobre o fenômeno do declínio de impérios, como o atual cenário de transformação vivido pelos Estados Unidos, uma potência que parece estar à beira de um momento decisivo.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos consolidaram-se como a maior potência global, dominando a economia, a política, a tecnologia e a cultura mundial. Contudo, nas últimas décadas, sinais de fragilidade começaram a emergir. Conflitos prolongados, crises econômicas e disputas internas têm desgastado sua posição no mundo, enquanto outras nações, especialmente a China, surgem como possíveis protagonistas da nova ordem global.
A história demonstra que a ascensão e queda de impérios seguem ciclos inevitáveis. Na Antiguidade, grandes civilizações como a Mesopotâmia, o Egito e o Império Romano alcançaram o apogeu, mas sucumbiram a pressões internas e externas. O Império Romano, por exemplo, enfrentou crises econômicas, corrupção política e invasões bárbaras que culminaram em sua fragmentação e queda. Já na Idade Média, o Império Mongol ascendeu de forma meteórica, unificando vastos territórios, mas não conseguiu sustentar sua estrutura centralizada, levando ao seu declínio.
Na era moderna, os impérios coloniais europeus, como os de Portugal, Espanha e Inglaterra, dominaram o cenário global, mas foram gradualmente substituídos por novas potências econômicas e militares, como os Estados Unidos no século XX. Esses ciclos históricos evidenciam que nenhuma hegemonia é permanente, sendo constantemente desafiada por mudanças econômicas, políticas e sociais.
O professor e analista José Kobori, em sua análise intitulada “O Início do Fim do Império Americano”, aponta que as políticas adotadas por administrações recentes, especialmente as isolacionistas e protecionistas, revelam a fragilidade do sistema norte-americano. Kobori observa que os EUA, apesar de ainda serem uma potência global, estão em uma fase de transição, com decisões que aceleram a perda de sua influência no cenário internacional. Ele destaca que fatores como o desgaste interno causado por disputas políticas, o enfraquecimento de alianças globais e a competição crescente com economias emergentes, como a da China, indicam que o modelo de liderança dos Estados Unidos enfrenta uma crise estrutural, embora ainda possua relevância global.
"A história ensina que os ciclos de ascensão e declínio de impérios são inevitáveis, mas também oferecem oportunidades de aprendizado e evolução"
Enquanto os Estados Unidos enfrentam desafios, a China surge como a principal candidata a ocupar o espaço deixado por eles. Entretanto, a ascensão da China levanta questionamentos éticos e geopolíticos devido ao seu modelo de governança. Embora oficialmente comunista, a China opera como uma ditadura capitalista de Estado, combinando controle político centralizado com estratégias econômicas competitivas. Esse modelo levanta preocupações sobre o impacto de uma hegemonia chinesa no mundo. A repressão a liberdades civis, o controle rígido da mídia e a censura interna são características que podem influenciar negativamente outras nações, promovendo práticas autoritárias. Além disso, a política econômica chinesa, marcada por investimentos estratégicos em infraestrutura global e empréstimos a países em desenvolvimento, cria relações de dependência que enfraquecem a autonomia das nações envolvidas.
Uma questão relevante é se um mundo liderado por um regime capitalista autoritário seria mais benéfico ou prejudicial em comparação com o sistema liderado pelos EUA. Apesar das críticas ao modelo americano, como desigualdades internas e individualismo, ele ainda preserva valores democráticos fundamentais que poderiam ser comprometidos sob a liderança da China.
A história ensina que os ciclos de ascensão e declínio de impérios são inevitáveis, mas também oferecem oportunidades de aprendizado e evolução. Na visão espírita, essas transformações fazem parte de um processo maior de regeneração planetária. As crises, simbolizadas pelos cavalos do Apocalipse, são transitórias e preparam a humanidade para um futuro mais equilibrado e justo.
Embora a ascensão de novas potências traga desafios, ela também nos lembra que a evolução humana é um processo contínuo. Cabe à humanidade aprender com o passado e moldar o futuro com base em valores éticos, solidariedade e respeito mútuo, criando uma ordem global mais justa e sustentável.
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