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Visões do apocalipse ( I )
Data de Publicação: 1 de fevereiro de 2025 18:33:00 Uma análise crítica do capitalismo como um sistema que se alimenta de suas próprias estruturas e das periferias que domina, revelando suas consequências na geopolítica contemporânea.
O texto “A Pena Capital", de Osmar Casagrande, aborda a natureza intrínseca do capitalismo como um sistema autofágico e antropofágico, que devora tanto suas periferias quanto seu próprio núcleo. Casagrande analisa a dinâmica de dominação e exploração que permeia a história, destacando a atual situação da Ucrânia e as tensões geopolíticas que refletem essa lógica capitalista. (Antônio Oliveira)
A pena capital
Por Osmar Casagrande*
Desde que principiei a conhecer questões de economia que ouço alguém externar atos e efeitos do “capitalismo selvagem”. Desde sempre, ruminando sobre propriedades (qualidades e defeitos) do capitalismo que vejo o quanto há de ingenuidade na dita expressão. Percebi logo que não existe esse tal “capitalismo selvagem”; antes, essa é uma característica do capitalismo, selvagem pela própria natureza.
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Imagem: www.canalhistory.com.br
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Além de selvagem é antropofágico. Explico: a função primordial do capitalismo é juntar em um núcleo duro forças de agentes de dominação (capital, poder bélico, poder político, poder “espiritual”, poder tecnológico). Dali irradia sua força dominadora e principia por dominar a periferia do sistema (isto é, aqueles que ainda não se enfeixaram em poder), estreitando o círculo à medida que domina a zona mais distante, devorando tudo até que chega no próprio núcleo duro. Daí o merecido título de “autofágico”.
A partir de sua fundação, esse núcleo duro parte para a conquista e dominação (de território, de bens, de riquezas naturais, de posição política, de culturas, de consciências etc.), atacando, de princípio, aqueles setores mais frágeis. Exploram tais setores, até que nada reste de capitalizável. Extraem toda a essência, chegando a minar, ressecar, matar o que haja de vida ali. Se um território geográfico, exploram-lhe a fauna, a flora, a capacidade de geração de vida capitalizável, seja extraindo, desmatando explorando até que se torne deserto sem possibilidade de gerar quaisquer coisas capitalizáveis e que seja positiva na correlação custo X benefício. Se de uma nação, o núcleo duro age do mesmo modo até ao ponto de matar a “alma” de um povo, traduzida hodiernamente por “cultura”.
Imagine-se um círculo de influência desse núcleo duro (que pode ser uma religião, uma aliança bélica, uma aliança econômica, aliança política e até mesmo um país, como veremos mais à frente) que se irradia, transformando pouco a pouco toda a região por onde passe, contaminando paulatinamente, mais fortemente aquelas regiões mais próximas, normalmente convidadas a participar da força do núcleo. É essa a magia capitalista: oferecer ao futuro explorado a oportunidade hoje, de participar do poder, o açúcar do pirulito. Mais cedo ou mais tarde, virá o tempo de roer o palito.
Observe-se o desenvolvimento histórico do poder em nosso planeta. As alianças militares entre cidades para minar e vencer outras cidades por armas ou estratégias (lembre-se do Cavalo de Troia), a conquistar territórios e povos. Nessa composição de força de ataque, a religião funcionando como arma psicológica, “amansando” selvagens, invadindo culturas e servindo de suporte às armas (lembre-se de todas as vezes em que sacerdotes, bispos, padres abençoaram armas, partidas bélicas etc.). O objetivo sempre foi o domínio ao converter o adversário ou, se não factível, aborrecer o inimigo e matá-lo. Assim nascem todas as guerras de extermínio. Na pauta, o nazismo e sua tentativa de extinguir (suprassumo da tolice) judeus, negros, ciganos, deficientes físicos e mentais, comunistas e quaisquer que não fossem arianos puros. Atualmente vemos a mesma atitude do governo de Israel em relação aos palestinos. Se não os “amansamos”, vamos varrê-los da face da terra. Assim também fizeram as matrizes europeias em relação às colônias com os povos originários.
Chegamos no hoje, primeiro de fevereiro de 2025. O que vemos ocorrer na esfera da geopolítica é o movimento capitalista mais que nunca autofágico: uma aliança militar chamada OTAN extraiu até o âmago as forças de um país chamado Ucrânia, que a poucos instantes de seu último suspiro, já está sendo repartida pelos lobos, antes aliados. Acabou para a Ucrânia, o açúcar do pirulito. Será mastigada selvagemente em seu território, como já foi em sua alma (lembre-se: a alma de um povo é sua cultura).
Mas a autofagia segue lépida e selvagem no núcleo duro chamado OTAN. O país líder (um núcleo duro em si) já principia a atacar os outros componentes. União Europeia (27 países) e mesmo toda a Europa (50 países), México, Canadá, Japão, os demais participantes desse núcleo já sentiram a primeira mordida no flanco. Desesperadamente se revolvem na tentativa de resguardar a jugular. Mas na metodologia de domínio de que se vale o capital, não há como fugir. Foram minados e dominados culturalmente (vide a onda de extrema direita, que corrói os países em sua cultura), militarmente (EUA possuem 800 bases
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*Osmar Casagrande é leitor e escreve.
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militares distribuídas em todo o mundo) e, a continuarem integradas ao esquema capitalista, serão efetivamente dominadas geograficamente. É a função autofágica agindo no círculo mais interno do núcleo duro. Só observando por esse ângulo conseguimos compreender as atuais determinações do núcleo duro chamado EUA: estão a expulsar, prender ou extinguir todo aquele que não seja “americano puro”, um eufemismo criado por um povo formado
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por imigrantes de todas as regiões do planeta. É a autofagia a agir dentro desse núcleo: devoram os trabalhadores, devoram as indústrias menores, devoram as iniciativas de mercado mais incipientes para fortalecer as grandes redes. Autofagia pura e total. A pena capital é sempre a morte.
Continuaremos a desenvolver o tema na próxima semana. Até.
Osmar Casagrande 01 de fevereiro de 2025.
Capitalismo, autofagia, dominação, geopolítica, exploração.
#CapitalismoSelvagem #Autofagia #Geopolítica #Exploração #OsmarCasagrande

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