Vista área parcial da Bahia Farm Show 2024 (Foto: Ascom Aiba)

Por Antônio Oliveira

Desde a sua primeira edição, em 2004, a Bahia Farm Show (BFS) até a 18ª edição, em 2024, registrou crescimento acelerado, acompanhando o crescimento do agronegócio da região de Cerrado, o oeste baiano, onde a feira é realizada. Seus números refletem este crescimento. No ano passado, por exemplo, a feira, que é promovida pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), registrou os seguintes números: 434 expositores, 1.125 marcas representadas, 111 mil visitantes, 127 veículos de comunicação da região e de todo o Brasil cobrindo o evento, geração de 7.5 mil empregos diretos e indiretos, 246 mil metros quadrados de área de exposição e R$ 10, 9 bilhões em negócios feitos e prospectados.

A expectativa dos organizadores do evento é superar estes números. Quase 100% dos espaços para estandes já foram vendidos. O evento será realizado entre os dias 9 e 14 de junho.

Um público de mais de 300 convidados lotou o auditório da Aiba/Abapa (Foto: Antônio Oliveira)

Outro detalhe que evidencia o tamanho e a importância deste evento para a região e para a Bahia como um todo. Toda a estrutura de montagem e logística da feira tem um custo de quase R$ 150 milhões. Neste ano está sendo de exatos R$ 142.836.250,00, assim distribuídos: estandes de expositores externos, R$ 65 milhões; terceirizados, R$ 33.862.500,00; montagem da feira, R$18.350.000,00; hospedagem, R$ 15.350.000,00; refeições, R$5.321.250,00 e expositores internos (estandes) 4.500.000,00.

Estes números e a evolução da cultura de grãos, fibra, biomassa, frutas, pecuária etc. catapultaram a Bahia Farm Show como a terceira maior do Brasil no seu gênero, atraindo a atenção do Brasil e do mundo.

Mais do que uma feira de tecnologias agrícolas, conforme a Aiba,  a BFS simboliza a força e a competividade do agro baiano, que gera cerca de 12 milhões de toneladas de grãos a cada safra. O evento se firma como principal porta de entrada para investimentos estratégicos na Bahia, fomentando o crescimento contínuo e a evolução do setor, afirma a instituição promotora do evento.

E foi à luz deste case de sucesso que a dinâmica da edição 2025 (19ª edição) foi apresentada para um público de mais de 300 pessoas entre lideranças do agro regional, prefeitos da região oeste da Bahia e jornalistas da região. O evento foi realizado no final da manhã desta terça-feira, 1º de abril no auditório da Aiba e da Associação Baiana dos Produtores de Algodão. A apresentação da nova edição foi feita pelo diretor do evento, Alan Malinski, e pelo presidente da Aiba e da feira, Moisés Schmidt. Esta edição está sendo concebida e será realizada à luz do lema “Agro Inteligente, futuro sustentável”.

 "Juntos, vamos cultivar um futuro sustentável para o agronegócio brasileiro!"

Alan Malinski, diretor da feira (Foto: Ascom Aiba)

De acordo com Malinsk, a organização da feira deste ano tem como um dos seus focos está a ampliação do público visitante. Na oportunidade, a organização da feira apresentou um convite especial aos prefeitos – haviam mais de 20 na solenidade – e secretários municipais para que eles possam incentivar a participação dos pequenos e médios produtores, da agricultura familiar e estudantes da região.

- Queremos mostrar o que o agronegócio tem de mais inovador e sustentável, destacando o papel do MATOPIBA na produção nacional – disse ele.

Moisés Schimidt, presidente da feira e da Aiba (Foto: Ascom Aiba)

Conforme Moisés Schmidt, a BFS é uma grande vitrine de inovação e desenvolvimento sustentável. Ele disse que durante os cinco dias da feira – um dia a mais, que será dedicado a recepção das autoridades estaduais e federais -, diferentes setores direto e indiretamente voltados para o agronegócio, estarão em ação, gerando empregos e renda e fortalecendo o agronegócio da Bahia. Não obstante, continuou, o evento representa um espaço estratégico para o debate das principais demandas do setor junto aos chefes de entes federados.

A BFS deste ano será realizada em um clima de insegurança, em nível de Brasil, devido à quebra de safra em alguns estados, à atual situação econômica do Brasil e à expectativa em torno do Plano Safra 2025/2026. No entanto, essa incerteza não parece preocupar os organizadores da feira baiana, que enxergam isso como um grande desafio. Alan Malinski  reflete o otimismo compartilhado por seus colegas. Ele ressalta que, apesar das quebras de safra, o Brasil ainda deve registrar um novo recorde em sua produção agrícola.

- A gente observa, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que enfrentaram estresse climático e sofreram com a quebra de safra. No entanto, podemos agradecer que, ao analisar os dados, percebemos que, embora esses produtores não tenham alcançado a produtividade esperada, o Brasil ainda terá uma produção recorde de grãos – disse ele.

Ele considera ainda que muitos estados superaram os índices de produtividade anteriores.

- Portanto, a Bahia Farm Show deve acontecer, assim como as outras feiras, pois representam um excelente momento para a transferência de tecnologia. É uma oportunidade de mostrar aos produtores que é possível implementar determinadas ações, capazes de reduzir riscos, especialmente em períodos de estresse climático. Assim, essa feira é fundamental tanto para os pequenos quanto para os grandes produtores – concluiu, em entrevista à Cerrado Rural Agronegócios.

Em sua fala à imprensa, Moisés Schmidt, presidente da BFS e da Aiba, enfatizou a importância de integrar diferentes dimensões da sustentabilidade em seus negócios.

- Eu digo que o tripé da sustentabilidade - abrangendo a sustentabilidade ambiental, social e econômica - não pode ser separado. Conseguimos, sim, incorporar essa questão da sustentabilidade em nossa atuação. A Bahia Farm Show reflete isso e atua como um ponto de encontro para esse diálogo. Um dos nossos diferenciais serão as caravanas, que nos permitem engajar todos os nossos visitantes. Não apenas promovemos essas visitas, mas também potencializando esse contato, trazendo mais estudantes, produtores, agrônomos e técnicos que realmente desejam prestigiar o crescimento que estamos experimentando na Bahia e na região do MATOPIBA – disse ele.

Eu questionei o presidente da feira sobre declaração do então secretário de Agricultura da Bahia, Wallison Tun, segundo a qual a partir do ano que vem a Bahia Farm Show, com base na sua dimensão, passará a se chamar “Brasil Farm Show”. Schmidt foi objetivo. “Isto não é oficial.” Mas antes, ainda me respondendo, disse que “isto ainda não é oficial”.

Ainda em conversa com a imprensa regional, Moisés Schmidt, abordou a evolução e a relevância da feira.

- Para um evento do porte da Bahia Farm Show, é natural que diversos temas surjam ao longo do processo. E não se trata apenas de um único assunto; muitos outros também são debatidos. Estou certo de que tudo que há de inovação e novidade será compartilhado com todos vocês, da imprensa, em primeiro lugar – disse.

Ele prosseguiu dizendo, em relação a dinâmica anual da Bahia Farm Show, que é por isso que a feira e a Aiba promovem fóruns e apresentações, como as que já foram realizadas com o governo do estado e que também acontecerão em São Paulo e Brasília. Na semana passada os detalhes da 19ª edição do evento foi apresentado para o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues e imprensa da capital baiana.

- Estamos considerando várias alterações para a Bahia Farm Show, pois precisamos ser ousados. Dada a sua dimensão nacional e internacional, será que essa nova denominação não seria apropriada? Esse assunto foi amplamente discutido no Conselho de administração da Aiba  e entre os diretores, especialmente pelo reconhecimento crescente da feira – continuou.

Ainda sobre o anúncio “vazado” por Wallison Tun, Shimidt disse considerar que a BFS deixou de ser uma simples feira regional para se tornar um evento internacional, já reconhecido em todo o mundo.

- Temos a honra de receber visitantes de países como Japão, Rússia, China, Europa e Estados Unidos. Portanto, queremos encontrar a melhor forma de atender a todos. Contudo, respondendo à sua pergunta, isso ainda não é oficial – concluiu.

“Não queremos ser a maior, mas sim uma referência”

Sérgio Pit, um dos pioneiros da Aiba e da Bahia Farm Show, ao ser questionado por este repórter, compartilhou suas reflexões sobre o notável crescimento da feira ao longo de seus 19 anos. Ele destacou que, inicialmente, o evento seguiu o modelo da Agrishow de Ribeirão Preto, mas ao longo do tempo evoluiu, conquistando voo próprio e se tornando um exemplo para outras feiras no Brasil. Segundo Pit, a Bahia Farm Show já é reconhecida por sua organização e qualidade, recebendo uma das melhores notas nessa área. Isso, segundo ele, não só valoriza a feira, mas também atrai investimentos e a atenção de patrocinadores, que veem o evento como uma referência no setor de tecnologia agrícola.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de a Bahia Farm Show ultrapassar a Agrishow e se tornar a maior feira do Brasil, Pit ressaltou que essa competição pode não ser benéfica. Ele acredita que o foco não deve ser em ser melhor que outra feira, mas sim em se tornar uma referência de qualidade. Para ele, tamanho nem sempre significa qualidade, e o principal objetivo deve ser atrair mais investimentos e a participação de expositores, sempre enfatizando a excelência na experiência oferecida. Em suma, para Pit, a busca pela qualidade deve ser o norte que guie o crescimento da Bahia Farm Show.

Incremento social e econômico para as cidades-polo

Prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Junior Marabá (Foto: Ascom/Aiba)

A cidade de Luís Eduardo Magalhães é sede da Bahia Farm Show desde a sua primeira edição. Para o prefeito de município, Junior Marabá, a cidade que administra é sede da BFS e, mais uma vez, traz a força do agronegócio e mostra o que a região e a Bahia tem de melhor na região para o Brasil e para o mundo.

- Então fico muito feliz de a prefeitura participar de maneira efetiva para que esse evento aconteça e fazer com que os negócios na nossa cidade cresçam, gerando mais oportunidade de emprego e renda, para nossa população – disse ele.

Otoniel Teixeira, prefeito de Barreiras, destacou a importância da concorrência saudável entre os polos do agronegócio na Bahia, especialmente entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Em sua fala à este jornalista ele ressaltou que Barreiras é o município mais populoso do oeste baiano e um protagonista nas medições relacionadas ao agronegócio no estado. Teixeira parabenizou a Aiba pela realização da Bahia Farm Show, que ao longo de seus 19 anos consolidou-se como um dos principais eventos do Brasil. Ele observou que os números apresentados superaram as expectativas, mostrando o crescimento e a relevância da feira, não apenas para grandes produtores, mas também para a agricultura familiar e pequenos produtores.

O prefeito enfatizou um setor que se destaque no seu município e em todo o Vale do Rio Grande: a agricultura familiar, que, conforme ele,  importante, pois é  no Vale do Rio Grande, onde está concentrada, abriga pessoas com profundo vínculo com a terra e os rios, incluindo os ribeirinhos. Ele explicou que a produção agrícola em larga escala pode impactar positivamente a vida dessas pessoas com pequenos gestos. Reconhecendo seu papel como gestor público, Teixeira mencionou a importância do agronegócio para o desenvolvimento de Barreiras, a atração de novos investidores e a geração de receita para o município.

Prefeito de Barreiras, Otoniel Teixeira (F: Ascom/Aiba)

Teixeira também sublinhou a relevância social e econômica da Bahia Farm Show para o Oeste da Bahia, citando que essa área representa mais de 30% do PIB do estado. Ele finalizou sua fala parabenizando a equipe da Aiba, da ABAPA, e o presidente da feira, assim como a imprensa, pelo papel desempenhado em disseminar informações sobre o evento, cuja repercussão se estende a todo o Brasil e ao mundo por meio da internet.

Bahia Farm Show, agronegócio, crescimento, sustentabilidade, inovação.