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ESPECIAL - A revolução verde de seu Zé Neto: preservação e inovação no Tocantins

ESPECIAL - A revolução verde de seu Zé Neto: preservação e inovação no Tocantins

Data de Publicação: 30 de outubro de 2024 10:18:00 No Tocantins, seu Zé Neto, um guardião das palmeiras de babaçu, se une à startup Caaporã para integrar a pecuária sustentável à preservação ambiental, garantindo vida e renda para as comunidades locais.

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 No Tocantins, seu Zé Neto, um guardião das palmeiras de babaçu, se une à startup Caaporã para integrar a pecuária sustentável à preservação ambiental, garantindo vida e renda para as comunidades locais.

 

 

Seu Zé Neto, um produtor rural de 87 anos, é conhecido
por sua simplicidade e sabedoria (Foto: Divulgação)

Da redação

No norte do Tocantins, seu Zé Neto, um produtor rural de 87 anos, é conhecido por sua simplicidade e sabedoria, além de uma paixão especial: o babaçu. As palmeiras de babaçu que dominam a paisagem de sua terra vão muito além de simples árvores; elas representam vida, história e sustento. Com essas palmeiras, seu Zé Neto aprendeu a sobreviver e transmitiu aos filhos e netos o valor da terra. Com o passar dos anos, a pressão para derrubar as árvores e implementar lavouras aumentou. Muitos vizinhos optaram por substituir as palmeiras por pastagens ou soja, mas ele permaneceu firme.

- A terra nos dá o que precisamos. O babaçu é generoso, só precisa de cuidado, assim como a gente.

Ele se tornou um guardião das palmeiras, enquanto outros cederam.

Em meio a esse cenário de conversação e desenvolvimento econômico, com o apoio do Fundo Vale, surgiu a Caaporã, uma startup focada em sistemas agrossilvipastoris. A empresa inova com um projeto que integra a pecuária sustentável à preservação dos babaçus. O trabalho está sendo desenvolvido em uma fazenda em São Bento, interior do Tocantins, combinando a produção de gado de corte com a geração de créditos de carbono, além de apoiar as comunidades extrativistas locais que dependem do babaçu para sua subsistência. A iniciativa busca criar soluções inovadoras com impacto socioambiental positivo.

Os sistemas silvipastoris vão além da simples integração do plantio de árvores nas pastagens. Eles oferecem diversas vantagens para o bem-estar dos animais e para o meio ambiente. As árvores proporcionam sombra e abrigo, reduzindo o estresse dos animais e aumentando sua produtividade. As raízes ajudam a preservar o solo, prevenindo erosão e melhorando a retenção de água, resultando em pastos mais saudáveis e férteis.

- O que torna esse projeto em Tocantins especial é que, além de plantarmos novas árvores nas áreas de pastagem, estamos preservando as palmeiras de babaçu nativas - explica Luis Fernando Laranja, CEO da Caaporã.

- Essa combinação aumenta o sequestro de carbono, ajudando a combater a crise climática e a proteger a biodiversidade. E o mais interessante é que o carbono capturado pode ser convertido em créditos de carbono, gerando uma nova fonte de renda.

Para garantir uma produção pecuária sustentável, a Caaporã utiliza um manejo rotacionado das pastagens, permitindo que cada área tenha tempo para se recuperar. Isso evita superlotação e assegura pastos de alta qualidade para os animais, resultando em menor dependência de insumos externos, como fertilizantes e rações, o que diminui custos e impacto ambiental.

A empresa também investe em tecnologia de ponta para monitorar o uso das pastagens e a saúde do gado. Sensores e dados permitem ajustes precisos no manejo, otimizando recursos e melhorando a eficiência da produção. O foco está em dietas balanceadas que aceleram o ganho de peso dos animais, aumentando a produtividade em menos tempo.

Com quase 90 anos, o "senhor dos babaçus" caminha pelo campo, observando as palmeiras e agora vê o gado, muitas vezes visto como um vilão da floresta, descansando sob a sombra generosa das árvores nativas. Graças a ele, o babaçu continua a oferecer sombra, frutos e esperança para as próximas gerações, que finalmente compreenderam que preservar também é uma forma de progresso.

O extrativismo do babaçu sempre foi uma atividade crucial para as famílias do norte do Tocantins, mas enfrentou desafios econômicos nas últimas décadas. A empresa Tocantins Babaçu S.A. (TOBASA) encontrou uma nova maneira de revitalizar o uso do coco de babaçu, focando na produção de carvão ativado, um material de alta qualidade utilizado em filtros de água. Isso trouxe novas oportunidades de mercado para as famílias locais, que puderam continuar a coleta e venda do coco, garantindo uma fonte estável de renda.

O projeto da Caaporã vai além, unindo a pecuária sustentável com a preservação dos babaçuais, fortalecendo o extrativismo local e garantindo que a matéria-prima continue sendo vendida para a TOBASA.

- Essa iniciativa é um exemplo claro de como é possível aliar inovação à preservação ambiental, ao mesmo tempo em que geramos impacto econômico positivo para as comunidades locais - afirma Patrícia Daros, diretora-executiva do Fundo Vale.

 

Os sistemas silvipastoris vão além da simples integração do
plantio de árvores nas pastagens (Foto: Divulgação)

A iniciativa da Caaporã integra a Meta Florestal 2030 da Vale, um compromisso voluntário que prevê a proteção de 400 mil hectares de florestas e a recuperação de 100 mil hectares de áreas além das fronteiras da empresa até 2030. Para a recuperação dessas áreas, a Vale conta com a atuação do Fundo Vale, que realiza investimentos inovadores e fomenta negócios com potencial de ganho de escala, baseados em práticas agrícolas, pecuárias e florestais que combinam diferentes tipos de cultivos e manejo para otimizar o uso dos recursos naturais, promover a biodiversidade e garantir a rentabilidade econômica. Os arranjos produtivos em implantação estão localizados nos biomas Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado.

Em 2023, o Fundo Vale investiu mais de R$ 50 milhões no desenvolvimento de iniciativas de recuperação ambiental na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. Foram implementados sistemas como Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), Sistema Agroflorestal (SAF), regeneração natural e silvicultura diversificada. Com esses investimentos, mais de 4 mil pessoas foram beneficiadas direta ou indiretamente, por meio de capacitações e geração de postos de trabalho.

*Texto com base em informações da assessoria do projeto.


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