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OPINIÃO – A Aquicultura e a Pesca: ambas têm seu espaço e valor
Data de Publicação: 9 de janeiro de 2025 10:08:00 A pesca e a aquicultura desempenham papéis cruciais na economia e na cultura brasileiras. É fundamental reconhecer a importância de ambas as atividades e promover um diálogo respeitoso entre os setores.
Por Antônio Oliveira
Homem de boa oratória, ótimo palestrante e comunicador nato, o presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), no afã de defender a classe que muito bem representa, perde o que todo homem público ou liderança empresarial deve ter: bom senso, equilíbrio e respeito aos concorrentes. Certa vez, no auge da onda da Doença de Haff, mais conhecida como “doença da urina preta”, um sujeito em Manaus postou um vídeo segurando um peixe de cultivo e dizendo que ele, assim como os outros, estava livre do mal, insinuando que a doença afetava apenas peixes da pesca. Achei um absurdo esse tipo de coisa, principalmente em um estado onde a pesca é a base econômica de milhares de ribeirinhos. Fui investigar e descobri que o cara é um pesquisador da Embrapa naquele estado e até usava uma camisa com a logo da gloriosa empresa pública de pesquisa. Reclamei do dito à empresa, que me deu razão. E o presidente da PeixeBR compartilhou esse ataque à pesca em suas redes sociais. Eu lhe fiz observação da inconveniência daquela réplica. Medeiros também nunca admitiu que a Semana da Pesca incorporasse o pescado da pesca e suas múltiplas espécies.
Mais recentemente, e este é o motivo deste artigo – nada de pessoal contra Francisco Medeiros, muito menos contra a PeixeBR –, no Agro e Prosa ( https://www.youtube.com/watch?v=Qb7tq9jMODo ), do meu amigo Divino Onaldo, um grande profissional de jornalismo agro, o dirigente classista em foco fez um comentário muito infeliz ao falar sobre a diferença entre o peixe de cultivo e o peixe do extrativismo, seja da pesca artesanal ou da pesca industrial. Na sua visão corporativista, o peixe da pesca foi colocado em patamares bem inferiores.
A cadeia da pesca se agitou nas redes sociais, condenando e lamentando aquela infeliz comparação e depreciação do pescado de águas marinhas e continentais. Na era da diversidade, isso é inaceitável.
Francisco Medeiros – e a PeixeBR também, se comunga da visão de seu presidente – precisa entender o grande papel social e econômico da cadeia da pesca no Brasil. É uma ilusão achar que se pode parar as muitas Itajaí Brasil afora; vã é a vontade de tirar a pesca dos mercadões de peixes, como o da Ceagesp da Capital paulista.
Mercadão de peixes na Ceagesp de São Paulo: espaço comum para a diversidade de peixes da pesca e de cultivo
(Foto: Antônio Oliveira)
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Pesca e aquicultura – e grande besteira é querer separar essas duas atividades no âmbito das políticas públicas e no mercado – cada uma tem seu espaço entre os consumidores de pescados, seja em casa ou nos mais refinados restaurantes do Brasil e do exterior.
E o que dizer da força do camarão – carcinicultura – no Nordeste do Brasil? Deve ele dar lugar aos peixes de cultivo?
Entre os comentários dos que se sentiram ofendidos por Francisco Medeiros, houve um sobre uma lei recente que proíbe a criação de peixe em cultivo em um estado norte-americano. Desejaria a pesca que isso ocorresse no Brasil? Besteira. O Brasil tem pensamentos e realidades diferentes dos Estados Unidos.
A sociedade é diversa. Seu gosto alimentar também. Um ramo comercial, industrial e de serviços não prospera tentando destruir um concorrente ou outro. A concorrência comercial estimula a inovação e a melhoria contínua, beneficiando tanto as empresas quanto os consumidores.
Por fim, focando ainda mais no motivo que originou este artigo, é preciso dizer que a pesca desempenha um papel crucial no Brasil, sendo de grande relevância para as economias e comunidades em diversas regiões do país. Com mais de 8.500 km de litoral, a pesca marinha é uma prática comum, enquanto a pesca continental se destaca nas vastas bacias hidrográficas, como a Amazônica e a do Tocantins-Araguaia, que abrigam uma rica biodiversidade de espécies de água doce.
Essas atividades pesqueiras são vitais não apenas para o sustento econômico de muitos trabalhadores e suas famílias, mas também para a preservação de tradições culturais e práticas comunitárias profundamente enraizadas na vida das populações ribeirinhas e costeiras. A pesca é uma atividade econômica e cultural que envolve aspectos sociais, ambientais e econômicos, contribuindo significativamente para a segurança alimentar de milhões de brasileiros e para a identidade das comunidades que dela dependem.
Além de gerar emprego e renda, a pesca é um setor importante para o desenvolvimento econômico, especialmente nas regiões costeiras. No Brasil, mais de 1 milhão de pescadores profissionais ativos se dedicam a essa prática, sendo que 49% deles são mulheres, destacando o papel feminino nesse setor.
A pesca artesanal, que utiliza embarcações de pequeno porte, contrasta com a pesca industrial, que faz uso de embarcações de grande porte e equipamentos avançados. No entanto, a atividade pesqueira também enfrenta desafios, como o impacto ambiental e a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada (INN), que é considerada um crime ambiental.
Para que a pesca no Brasil possa prosperar, é necessário mais apoio, reconhecimento e valorização. Isso inclui investimentos em infraestrutura, tecnologia e inovação, assegurando que essa prática essencial continue a beneficiar as comunidades e a economia do país, ao mesmo tempo que preserva o meio ambiente e as tradições culturais.
Viva a Aquicultura, nela a Piscicultura! Viva a Pesca marinha e nos rios do imenso Brasil! Abaixo a arrogância de uma e de outra.
#Pesca #Aquicultura #Economia #Cultura #Sustentabilidade #PescaArtesanal #Carcinicultura #Brasil
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