Vista aérea parcial de Balsas, polo do sul do Maranhão (Foto: Divulgação)

Por Antônio Oliveira*

O sul do Maranhão, uma região de Cerrado que integra o MATOPIBA, está gradualmente perdendo seu protagonismo na mídia nacional, na política estadual e no contexto geral do agronegócio brasileiro. Isso não se deve ao esgotamento de seu potencial de produção agropecuária, agroindustrial e logística. Pelo contrário, a região permanece robusta, com vastas áreas ainda a serem exploradas e uma contribuição significativa para a produção nacional de grãos e fibras.

Um exemplo do enfraquecimento institucional da região, cujo polo é a cidade de Balsas, foi a abertura do plantio nacional de soja para a safra 2024/2025 na região de Açailândia, em 11 de outubro do ano passado, promovida pela Aprosoja MA. A região de Balsas foi pega de surpresa por essa decisão.

Açailândia apresenta um grande potencial para a produção de grãos, mas ainda está em seus estágios iniciais. O grande polo agrícola do sul do Maranhão continua a ser, e provavelmente sempre será, a região de Balsas, que se conecta à área de Cerrado do Piauí, formando uma próspera região agrícola.

Mas por que Balsas pode estar perdendo seu protagonismo? Na minha visão, isso se deve a gargalos que persistem, como a falta de um aeroporto regional para voos comerciais. A região lutou por muito tempo por essa infraestrutura, mas o turismo em Carolina foi o setor contemplado com um aeródromo para linhas comerciais.

Outro fator é a ausência de lideranças ativas. A região conta com diversos casos de sucesso, onde produtores que começaram na agricultura familiar se tornaram grandes empreendedores nas áreas de concessionárias de veículos, máquinas e implementos agrícolas, além de instituições de ensino. Exemplos disso são as famílias Gorgen, Honaiser, Grolli,  e tantos outros.

Além disso, há a Fundação de Apoio à Pesquisa no Corredor Norte de Exportação (Fapcen), que teve um papel importante quando mantinha parceria com a Embrapa. Essa instituição, bem estruturada, vem perdendo força após a ruptura dessa parceria, especialmente por não conseguir se inserir e se manter nos cenários midiáticos e do agronegócio nacional.

A Fapcen é responsável pela AgroBalsas, uma feira de tecnologias agrícolas que ocorre há 20 anos no sul do Maranhão, servindo como uma vitrine do que se produz no Cerrado da região. No entanto, a feira estagnou – até na edição passada -, não cresce e não consegue integrar-se ao circuito nacional de feiras de tecnologias agrícolas, correndo o risco de perder seu protagonismo para eventos similares na área. O potencial da região tem condições de projetar a feira entre as 15 maiores do Brasil – já deveria estar entre as 10 maiores.

Para evitar essa perda de protagonismo, a região de Balsas precisa de uma revitalização. Suas lideranças devem injetar uma dose significativa de liderança, articulação política e marketing. É fundamental criar, fortalecer ou até mesmo unificar suas associações. Um exemplo a ser seguido são a Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), duas das corporações mais bem estruturadas e articuladas do Brasil, que se mantêm ativas no processo político-administrativo do Estado e da União, além de na mídia nacional, de maneira profissional.

Acompanho o desenvolvimento da região desde 2004, conheço seus gargalos e essa é a minha sugestão, e eu gostaria muito de ver a região de Balsas ocupando o espaço que lhe cabe e que merece no contexto nacional do agronegócio.

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*Antônio Oliveira é jornalista, radialista e escritor.