Da redação

O fortalecimento da colaboração entre Brasil e Gana no setor agrícola foi o tema central do discurso de Moisés Schmidt, presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), durante a missão técnica Brasil-Ghana: Trade Mission. Representando os produtores baianos e brasileiros, Schmidt compartilhou com autoridades e empresários ganeses a expertise do estado na produção de soja, milho e algodão, enfatizando o potencial de cooperação entre os dois países para desenvolver a cadeia produtiva do cacau, uma cultura de grande importância para ambos os mercados.

Foto: Divulgação

O evento fez parte da missão à África Ocidental promovida pelo Itamaraty, com o apoio da Apex Brasil e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A missão, que já passou por Nigéria, Gana e Costa do Marfim, ainda visitará Senegal, reunindo mais de 40 empresas brasileiras em uma iniciativa voltada para a ampliação das relações comerciais com a região.

Cacau como elo estratégico entre Brasil e Gana

Em sua fala, Schmidt ressaltou que Gana, um dos principais produtores mundiais de cacau, pode se beneficiar do intercâmbio de tecnologias e práticas agrícolas com o Brasil, que possui uma produção consolidada em diversas culturas, como algodão, soja, café e citros. O objetivo é agregar valor à produção, aumentar a competitividade do cacau no mercado global e fortalecer a sustentabilidade da atividade.

- A troca de conhecimento e tecnologias com os produtores ganeses nos coloca em uma posição privilegiada para tornar nossa produção ainda mais competitiva e sustentável. O cacau é um dos produtos agrícolas mais valiosos do mundo, e fortalecer essa cooperação abre novas oportunidades para ambos os países - afirmou Moisés Schmidt.

A importância do tema foi reforçada pelo presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, que destacou a necessidade de uma maior organização entre os principais produtores globais para aumentar a participação na renda do setor. Durante a missão em Gana, o presidente Mahama recebeu a delegação após uma reunião com o Gana Cocoa Board, resultando na assinatura de um protocolo de intenções de cooperação.

- Gana é o segundo maior produtor mundial de cacau e uma referência de qualidade na produção. Juntamente com a Costa do Marfim, esses países representam 60% da oferta mundial de cacau, mas juntos ficam com apenas 6% da renda do setor. Uma organização dos cinco maiores produtores pode ajudar a aumentar a renda daqueles que estão na base da cadeia de produção”, explicou Viana.

Além do cacau, o modelo de produção agrícola da Bahia, com suas altas produtividades em culturas como soja, milho e algodão, foi apresentado como referência. A troca de experiências entre Brasil e Gana pode contribuir para o desenvolvimento da agricultura no país africano e trazer para o Brasil modelos de boas práticas empregadas naquele país, promovendo o uso de técnicas inovadoras e aumentando a eficiência no campo.

Missão empresarial fortalece laços comerciais entre Brasil e África

A Missão Empresarial à África Ocidental, realizada entre 27 de janeiro e 7 de fevereiro, visa expandir as relações comerciais do Brasil com Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal. O aprofundamento das relações econômicas com o continente africano é uma prioridade do governo brasileiro, e a presença de empresários e representantes do setor agroindustrial reflete o potencial de crescimento desse intercâmbio.

A África, com seus 54 países e 1,4 bilhão de habitantes, foi o terceiro maior mercado para os produtos brasileiros em 2024, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Em comparação com 2023, as exportações brasileiras para o continente cresceram 20,5%, impulsionadas pelo aumento do volume exportado e pelo esforço conjunto do MRE, Mapa e Apex Brasil na abertura de novos mercados.

De acordo com um estudo da Inteligência de Mercado da Apex Brasil, a África apresenta mais de 6 mil oportunidades para produtos brasileiros, com ênfase em alimentos, máquinas e equipamentos de transporte. Somente os quatro países que recebem a missão somam 740 dessas oportunidades, reforçando o potencial estratégico do continente para a economia brasileira.

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