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BIODIVERSIDADE - Descoberta novas espécies de cascudos na Amazônia

BIODIVERSIDADE - Descoberta novas espécies de cascudos na Amazônia

Data de Publicação: 4 de abril de 2025 10:07:00 Pesquisadores da UFMT revelam características únicas de novas espécies de cascudos, destacando a importância do conhecimento tradicional e colaboração global.

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Da redação

Uma recente expedição de pesquisadores da UFMT na bacia do rio Tapajós, na Amazônia brasileira, resultou na descoberta e descrição formal de duas novas espécies do gênero Hoplisoma, conhecidos como cascudos. Os peixes foram nomeados Hoplisoma noxium e Hoplisoma tenebrosum, e suas descrições taxonômicas foram publicadas na última sexta-feira (4) na revista Neotropical Ichthyology.

Hoplisoma tenebrosum, a outra espécie descrita no novo estudo
da Neotropical Ichthyology (Foto: Ingo Seidel)

O estudo também discute em detalhes a relação entre a anatomia do mesetimoide — um osso da cabeça — e o formato do focinho dentro da subfamília Corydoradinae, que abrange pequenos cascudos predadores de invertebrados. Os pesquisadores afirmam que as variações no formato do focinho impactam diretamente a interação dos peixes com o ambiente, especialmente no que diz respeito à alimentação.

A pesquisa revelou que o formato do focinho não é tão informativo quanto se acreditava anteriormente. Diferentes tipos de focinho aparecem independentemente em diversos gêneros, o que sugere um fenômeno de convergência adaptativa — quando espécies não intimamente relacionadas desenvolvem características semelhantes ao se adaptarem a ambientes ou nichos ecológicos similares.

Outro achado importante da expedição foi a descoberta, com a ajuda do conhecimento dos "piabeiros" — ribeirinhos que colecionam peixes ornamentais — de que as novas espécies possuem uma toxina bastante poderosa, mais forte do que a de outras espécies conhecidas da subfamília Corydoradinae. De acordo com os moradores locais, o contato com esses peixes causa dor intensa, inchaço e vermelhidão, além de serem capazes de matar rapidamente outros peixes no mesmo recipiente, tornando a água leitosa e espumosa. O conhecimento tradicional dos ribeirinhos foi essencial para entender as características únicas dessas novas espécies.

O financiamento do projeto foi possibilitado por uma campanha de crowdfunding organizada por aquaristas de todo o mundo. Essa colaboração entre ciência e hobby permitiu a coleta de amostras nas proximidades de Jacareacanga (PA) e Maués (AM).

- Felizmente, os peixes que estudo têm grande apelo no mundo da aquariofilia, e minha interação com esse público sempre foi bastante produtiva. Essa oportunidade me permitiu realizar expedições mais longas e em locais distantes, o que naturalmente eleva os custos”, comenta Luiz Fernando Caserta Tencatt, um dos autores do estudo.

Fonte: Agência Bori

 

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