Por: Bruno Arroyo*

Com a publicação da Lei nº 15.070, de 23 de dezembro de 2024, os agricultores brasileiros ganharam a segurança jurídica necessária para continuar produzindo seus bioinsumos na fazenda para uso próprio. A técnica, conhecida como on farm, é uma abordagem de manejo que vem se consolidando no agronegócio brasileiro e revolucionando a maneira como os alimentos são produzidos e, sobretudo, como preservarmos a saúde do nosso planeta. Com uma regulamentação justa e adequada, a prática tende a se popularizar ainda mais.

A técnica on farm oferece uma série de vantagens que vão além da economia para o bolso do produtor. Ela permite a personalização do manejo, conforme as necessidades específicas de cada lavoura, levando em conta variações de clima, tipo de solo, potenciais infestações de pragas e pressão de doenças. Dessa forma, o agricultor pode adaptar e aplicar soluções de maneira mais rápida e eficaz, garantindo uma resposta imediata às demandas da safra.

Em linha com os pilares da agricultura regenerativa, que reforçam a importância de produzir sem degradar o meio ambiente, um dos principais benefícios do on farm é o fortalecimento contínuo da saúde do solo. Com a produção de insumos biológicos na fazenda, o agricultor pode introduzir produtos mais naturais e menos agressivos à natureza, preservando a fertilidade do solo para além da safra em curso.

Outro ponto positivo do on farm é a independência que oferece ao produtor. Ao produzir seus próprios insumos, o agricultor ganha mais controle sobre a qualidade e disponibilidade dos produtos. Isso garante que os insumos estejam sempre prontos para uso no momento certo, respeitando as respectivas validades, fator decisivo no combate efetivo a pragas e doenças. 

Os avanços tecnológicos embarcados no on farm estão transformando o setor agrícola (Foto: Divulgação )

On farm representa a ciência no campo

Nos últimos anos, a tecnologia on farm avançou consideravelmente, transformando a maneira como os insumos biológicos são produzidos e aplicados nas lavouras. O que antes era visto como um método artesanal, agora se aproxima de uma produção semi-industrial, com rigorosos controles de qualidade e biossegurança. Empresas do setor têm investido em equipamentos, como biorreatores e biossalas de última geração, e na capacitação permanente dos agricultores e operadores das biofábricas. Essas medidas reduzem os riscos de contaminação no processo produtivo, garantindo insumos seguros e eficazes.

A empresas que se dedicam e investem na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia on farm vêm disponibilizando aos produtores materiais técnicos visando o aperfeiçoamento de boas práticas neste segmento. A profissionalização e os avanços tecnológicos proporcionaram a essa técnica reduzir drasticamente problemas do passado, diminuindo a incidência de microrganismos indesejados e garantindo a eficácia e qualidade.

A prática do on farm, também tem um impacto significativo no meio ambiente. Ao reduzir a necessidade de defensivos químicos, o uso de insumos biológicos melhora a saúde do solo e diminui o impacto ambiental das atividades agrícolas. Além disso, promove a preservação da biodiversidade nas áreas de cultivo, incentivando uma produção mais equilibrada e responsável do ponto de vista ecológico.

Os avanços tecnológicos embarcados no on farm estão transformando o setor agrícola, abrindo um caminho promissor para o avanço da agricultura regenerativa. No entanto, seu sucesso exige capacitação técnica dos agricultores, que precisam estar familiarizados com os processos biológicos e as etapas de produção e aplicação dos insumos por eles elaborados. Embora essa necessidade de qualificação seja um desafio, ela também proporciona inovação e aprendizado contínuo, fundamentais para o desenvolvimento de uma agricultura cada vez mais competitiva e que não fica atrás da praticada em nenhum outro país.

(*) Bruno Arroyo é engenheiro agrônomo, com pós-graduação em Agronegócio. Possui ainda cursos em Gestão de Vendas e Proteção de Plantas. Atualmente, é gerente de Marketing Estratégico da Agrobiológica Sustentabilidade. Possui larga experiência com controle biológico de pragas e doenças e manejo integrado de pragas, principalmente nos cultivos de cereais (soja, milho, feijão e algodão), cana de açúcar e hortifrutícolas. No universo dos defensivos biológicos e bioinsumos, acumula experiências em projetos focados em macrorganismos (parasitoides), microrganismos (fungos, vírus e bactérias) e manejo e uso da tecnologia on farm. 

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