*Por Antônio Oliveira

Fotos: Ascom/Aiba

Enquanto durou, a pandemia do novo coronavirus proporcionou ao mundo o isolamento social, angústia, e incertezas. No oeste da Bahia, esta situação não foi diferente e a região foi uma das mais afetadas do Norte e Nordeste brasileiro. Os poderes públicos se viram impotentes diante dos problemas sociais causados por ela. Não por má vontade e incompetência, mas por falta de recursos e pelo elemento surpresa.

Os produtores rurais do oeste da Bahia – região de Cerrado do MATOPIBA -, e conselheiros do Fundo para o Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Bahia (Fundesis), criado e mantido pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), sensibilizados pela situação não ficaram de braços cruzados. Agiram. E mesmo com o edital 2019 de apoio às instituições assistenciais, culturais, esportivas,  de promoção do emprego e rendas em andamento, apressaram-se  em lançar mais um edital, o 2020. O objetivo deste foi mais especial e fundamental: atuar nas organizações sociais, para levar apoio, com financiamento de bens de capital e de consumo para melhor enfrentamento à pandemia.

Neste mesmo período – em julho-, a Aiba, por meio do Instituto Aiba (Iaiba), doou insumos que foram usados no diagnóstico do Covid-19 no Laboratório de Agentes Infecciosos e Vetores (LAIVE), da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob). Antes, o Iaiba já havia doado  20 monitores multiparamétricos para unidades públicas de saúde no município de Barreiras. Os recursos aplicados nestas doações foram oriundos da campanha apoiada pelo Iaiba, que geriu as doações de agricultores, pecuarista, empresários e sociedade civil.

A ação social e ambiental de uma das maiores, mais organizadas e mais operantes corporações do agronegócio no Brasil vêm desde 2007 – um ano após a criação do fundo -, arrecadando R$ 296 mil que foram aplicados em 5 projetos sociais em Barreiras e 1 no município vizinho de Luís Eduardo Magalhães.

Conforme a Aiba, os recursos financeiros que custeiam os projetos têm origem na adesão espontânea de produtores rurais associados à Aiba. Funciona assim: ao contrair recursos para investir na safra por meio do Banco do Nordeste – e mais recentemente, do Sicredi -, o produtor é convidado pelos gerentes de agências na região a fazer a doação de um pequeno percentual do valor do crédito concedido pelos dois bancos para que seja investido em projetos sociais da região oeste da Bahia. O Fundesis passou a receber doações também de pessoas físicas e jurídicas das atividades comerciais e de serviços. Os recursos são geridos por um conselho deliberativo. Os doadores de recursos para o Fundesis recebem o selo de certificação “Amigo da Comunidade”.

Para os produtores rurais envolvidos com este projeto da Aiba, apoiar projetos sociais, culturais, esportivas e de geração de emprego e renda não têm preço.

- Os benefícios alcançados por esses investimentos são multiplicados, gerando uma onda de ações positivas que envolvem toda a região, mudando vida e contribuindo para uma sociedade mais justa e harmoniosa. Cada doação de uma pequena fração, se junta a outras. Com o montante captado e o apoio das entidades sociais, se materializa uma grande rede capaz de vencer a luta pela redução dos índices de marginalidade, diminuir a criminalidade, amenizar a evasão escolar e promover a prevenção a diversas doenças, entre outras problemáticas que afligem a população de baixa renda -, afirmam, por meio do “Relatório de Execução dos Projetos – Biênio 2019/2020 -, do Fundesis.

Os produtores rurais do oeste da Bahia comentam que, por acreditarem na força que os projetos sociais têm, no sentido de desenvolver o potencial humano e mudar para melhor a trajetória das pessoas, os editais do Fundesis consideram como essencial, a adoção de estratégias para o desenvolvimento de homens, mulheres, crianças e idosos.

Os editais do Instituto Aiba condicionam seus investimentos em projetos sociais aos cuidados com a primeira infância; engajamento e redução da evasão escolar; ensino profissionalizante diferenciado e efetivo; desenvolvimento de habilidades e competências necessárias à formação de cidadãos; formação sólida de professores e gestores escolares; promoção da saúde mental; prevenção e cuidados de doenças crônicas não transmissíveis; atenção e cuidado a bebês, crianças, jovens, adultos, mulheres, idosos e portadores de deficiências.

O Fundesis prioriza as seguintes linhas de trabalhos sociais e ambientais: ampliação do atendimento da saúde preventiva; redução das desigualdades sociais e ambientais; incentivos às ações esportivas, culturais e tecnológicas; geração de emprego, renda e crescimento econômico; educação inicial de qualidade e agricultura familiar sustentável. Entre os pequenos produtores, o benefício financeiro contempla a aquisição de kits de irrigação por gotejamento.

Os recursos arrecadados pelo Instituto Aiba para o Fundesis teve um crescimento sensacional. Saiu de R$ 296 mil e apoio a seis projetos de dois municípios, para R$ 2.670. 178, 13, em 2022, beneficiando 44 projetos de 10 municípios.

- Os produtores do oeste da Bahia merecem o nosso reconhecimento, por permitirem a continuidade dessas ações sócio-educativas tão importantes para a formação das futuras gerações – disse Alex Guedes, um dos fundadores da ONG Amigos de Mara, em Santa Rita de Cássia, cuja sede foi  inaugurada no dia 20 de abril deste ano. A entidade atende crianças carentes e oferece atividades educativas e culturais, a exemplo de aulas de reforço, musica e artes, além de doações de brinquedos, roupas, calçados e cestas básicas às famílias carentes.

- Foi uma benção receber a ajuda do Fundesis e da Aiba, porque, a partir dela, nós podemos receber mais alunos, por meio da ampliação da oferta de bolsas, e oferecer um ensino com mais qualidade - declarou Pastor Jasilan Pereira, diretor do Colégio Batista do Distrito de Roda Velha (São Desidério). A instituição beneficiada com recursos para a construção de novas salas,  oferece, atualmente, as modalidades de educação enfantil e ensino eundamental. A partir das novas salas de aula, a unidade escolar poderá atender um número estimado de 100 estudantes de variadas idades.

- Por aqui já passaram 900 homens recuperados. É um trabalho que nos dedicamos com a ajuda de doações como esta que hoje é realidade. Nossa gratidão a Deus, à Aiba e ao Fundesis que nos permitiram continuar com essa ação social - declarou João Carlos Gonçalves, um dos coordenadores do Centro Terapêutico do Povoado de Grapiúna, cuja inauguração de suas novas instalações ocorreu no final do mês de abril deste ano.

*Com informações do “Relatório de Execução dos Projetos Biênio 2019/2020”,  do Instituto Aiba e do site da Aiba