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ENTREVISTA – “Brasil está bem servido de portos, porém faltam investimentos para sanar alguns gargalos”, diz Larry Carvalho, especialista na área

ENTREVISTA – “Brasil está bem servido de portos, porém faltam investimentos para sanar alguns gargalos”, diz Larry Carvalho, especialista na área

Data de Publicação: 22 de abril de 2024 10:26:00 Um dos maiores problemas desta modalidade de logística de transporte é a falta de calado condizente com os mais novos navios que necessitam de maior profundidade para ancorar no embarque e desembarque. Em entrevista exclusiva ao portal Centro-Oeste Farm News, ele faz uma avaliação do setor, apontando o futuro porto de Ilhéus e a Ferrovia Leste-Oeste como grandes fatores de melhoramento da logística de exportação das regiões Centro-Oeste e MATOPIBA

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Porto de Itaqui: localização estratégica e um dos que têm os melhores calados (Foto: Porto de Itaqui)

Por Antônio Oliveira

O agronegócio brasileiro está bem servido de portos, tanto marítimos quanto fluviais, a exemplo dos portos do Arco Norte, importantes ferramentas de logística de exportação para a produção rural das regiões Centro-Oeste e MATOPIBA. Entretando, conforme Larry Carvalho, advogado e especialista em logística, direito marítimo e agronegócio, a estrutura desses portos está defasada, não comportando mais navios de fabricação mais recente, que são maiores demandando portos de maior calado (profundidade nos ancoradouros). Um enorme gargalo.

Setores produtivos de todo o Brasil buscam o Governo do Brasil para a solução do problema, a exemplo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Entidade que agrega as cadeias da suinocultura e avicultura, ela diz já ter procurado o Ministério de Portos e Aeroportos em busca de, principalmente, aumentar o calado dos portos brasileiros.

Nesta entrevista exclusiva ao Centro-Oeste Farm News, o especialista faz uma avaliação do atual panorama desta modalidade de logística no Brasil, ressalta a importância dos portos do Arco Norte e da futura Ferrovia Leste-Oeste e do novo porto de Ilhéus, que complementa o projeto desta nova via férrea para as exportações dos produtos agropecuários das regiões Centro-Oeste e MATOPIBA.

Confira abaixo a entrevista:

Centro-Oeste Farm News (COFARMNEWS) – No contexto geral, qual é, hoje, a situação dos portos brasileiros, sobretudo dos que atendem a demanda por exportações de produtos do agronegócio brasileiros?

Larry Carvalho – A situação dos portos, eu diria que é boa, ocorreu muito investimento no setor portuário. Então temos bons terminais, terminais especializados para exportação de produtos agro e da cadeia, também, de fertilizantes. O setor portuário nos últimos 10 anos tem vivido uma verdadeira revolução de investimentos na esfera privada em terminais. Eu diria que a situação dos portos, hoje, ainda há alguns gargalos, e eu diria que muito em relação à necessidade de contratação de mão de obra para órgãos anuentes que terminam por atrasar um pouco os embarques de exportação do agro brasileiro, como temos visto, acompanhado aí nas notícias do Ministério da Agricultura e a falta de agentes no MAPA. Outro ponto bastante importante, relevante, que muito tem se discutido também. na questão portuária no Brasil é a questão de que os portos brasileiros existem certa restrição de calado para atender navios cada vez maiores e o desenvolvimento da indústria marítima fazendo navios cada vez maiores e os portos brasileiros tendo restrição em relação a isso.  Então eu diria que, no contexto atual, o que precisamos é de portos cada vez mais com águas profundas no Brasil

COFARMNEWS – Qual o porto brasileiro de melhor calado e estrutura de embarque e

desembarque?

Larry Carvalho - Em relação ao o melhor porto para embarque, estrutura de embarque e desembarque, eu diria que depende. Nós temos portos com terminais especializados, como no Porto de Santos, no Porto de Paranaguá, na Praça Soja e Milho, como temos em São Luís também. Eu diria que são os três principais portos hoje com grande estrutura especializada para embarque e desembarque de produtos da cadeia do agronegócio. Seria Santos, Paranaguá e Porto de Itaqui.

COFARMNEWS – Levando-se em conta a grande demanda dos agronegócios por portos por onde

exportarem seus produtos, os já existentes atendem a demanda do setor?

Larry Carvalho – A gente tem visto cada vez mais os terminais do Norte do Brasil investirem cada vez mais em expansão, utilizando muita operação de embarque de barcaça direto para o navio, muito investimento no setor. Como um todo eu diria que o grande problema, hoje, no agronegócio não é tanto o porto, mas sim o que a indústria fala, já há algum tempo, que na verdade é falta de armazéns, falta de silos.  Hoje, basicamente a safra sai da fazenda direto para embarcar no navio, utilizando várias vezes caminhões, as barcaças com o próprio armazenamento, então eu diria que esse é o principal gap (lacuna), não a falta de portos.

Larry Carvalho, advogado e especialista em logística, direito marítimo e agronegócio (Foto: Divulgação)

COFARMNEWS – As vias de acesso a esses portos atendem a demanda, satisfazem o grande fluxo de produtos do agro para exportação?

Larry Carvalho - As vias de acesso aos portos sempre vão ser um grande gap, né? Algo que tem melhorado bastante. A gente fez uma mudança logística. O Arco Norte subiu de 8% das exportações de soja e milho para 40% em questão de 8 anos. Então, me recordo que há 10 anos atrás, toda (resultado de) safra ia para capa dos jornas reportando filas quilométricas e ficava tudo muito concentrado em Santos e Paranaguá. Com a utilização do Arco Norte, tem se utilizado cada vez mais um transporte integrado, né? Então, utilizando um trecho rodoviário, um trecho de navegação em águas interiores e isso tem ajudado bastante a melhorar esse fluxo e essa demanda para os portos no Brasil. Isso tem ajudado bastante, principalmente depois da pavimentação da BR-163. Mas, óbvio... sempre tudo pode melhorar, existe muita reclamação de via de acesso nos portos da região do norte do Brasil, é algo extremamente complicado, principalmente com alguns via de acesso que passam por dentro de comunidades, na verdade são terminais que eram fora de comunidades e fazem a via de acesso e aí termina que comunidades começam a se alocar ali naquela via de acesso e verdadeiras cidades vão sendo construídas ali na marra, né? E isso tem sido um efeito complicador no Norte do Brasil, a AMPORT, que é a Associação dos Terminais da Região, tem feito um trabalho significativo em relação a isso, inclusive.

COFARMNEWS – Os portos do Arco Norte atendem a demanda do agro e amenizado a

situação dos portos marítimos?

Larry Carvalho - Os portos do Arco Norte têm atendido a demanda do agro, tem crescido cada vez mais, a gente tem visto pelos investimentos do Tegram (Terminal de Grãos do Porto de Itaqui), de São Luís, todos os investimentos portuários das grandes traders no Norte do Brasil também, várias com seus próprios terminais privados. Então, efetivamente, realmente tem atendido e tem expandido cada vez mais para atender, porque a demanda do agro é uma demanda constante e sempre em crescimento. A gente acompanha toda a safra, o Brasil vem batendo recordes. Então é necessário que o setor de portos acompanhe isso sempre em um desenvolvimento e uma melhoria para poder acompanhar o crescimento do agro brasileiro.

Os portos (em águas continentais) do Arco Norte se consolidam como importante ferramenta da produção no Centro-Oeste e MATOPIBA (Foto: divulgação)

COFARMNEWS – O que seria melhor para melhorar as condições portuárias brasileiras, a

privatização ou as PPPs?

Larry Carvalho - Acredito que as melhores condições portuárias brasileiras serão por meio das PPPs parcerias público-privadas), não da privatização total, até porque a privatização total tira do governo equipamentos que são extremamente estratégicos para a economia, para a questão de segurança também do país. Então, eu acho que a melhor condição portuária está nitidamente atrelada às PPPs. Assim, você consegue equilibrar os interesses nacionais e a vontade da iniciativa privada de investir para poder melhorar a sua cadeia logística também.

COFARMNEWS – O que vai significar para o agro brasileiro o futuro porto de Ilhéus que terá a

Ferrovia Leste-Oeste como um dos seus alimentadores?

Larry Carvalho - Eu diria que com a Ferrovia Leste-Oeste, a Bahia vai ser um grande player para o Arco Norte. Quando a gente pensa em Arco Norte, a gente pega hoje o maior porto de exportação, o Itaqui, e todos os demais estão no Norte do Brasil. Então, tirando o Itaqui, obviamente a Bahia tem que ter uma participação, mas uma participação bastante tímida comparado com os portos do Norte e o próprio Maranhão. Então, eu diria que com a Ferrovia Leste-Oeste, a Bahia vai ganhar um excelente equipamento que vai permitir aumentar definitivamente a capacidade deles de escoar a safra brasileira de soja e milho. Principalmente porque vai conectar eles cada vez mais a própria região do MATOPIBA. Região que é nova fronteira agrícola brasileira vai poder contar com os diversos portos da região da Bahia para escoar essa safra. Então, eu acho que ganha tanto a Bahia como o Brasil, assim como os produtores. Sem dúvida alguma, essa ferrovia vai permitir um menor custo logístico interno, um transporte integrado também, então é algo fundamental.

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