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BAHIA FARM SHOW/OPINIÃO – O lado positivo da presença de políticos em feiras de agronegócios
Data de Publicação: 17 de junho de 2024 19:01:00 A participação de figuras políticas, como governadores e presidentes, em eventos do agronegócio pode trazer benefícios e desafios. A Bahia Farm Show 2024 exemplificou como a presença educada e bem organizada de políticos pode fortalecer o setor, desde que evitado o proselitismo político
A participação de figuras políticas, como governadores e presidentes, em eventos do agronegócio pode trazer benefícios e desafios. A Bahia Farm Show 2024 exemplificou como a presença educada e bem organizada de políticos pode fortalecer o setor, desde que evitado o proselitismo político
Governador Jerônimo Rodrigos e demais lideranças políticas regionais, estaduais, federais e do agro (Foto: Eduardo Lena/Aiba)
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Por Antônio Oliveira
A presença de políticos, com ou sem mandato, em aberturas e/ou em dias normais de eventos de agronegócio tem causado celeumas desde o episódio envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e a organização do maior evento do gênero no Brasil e na América do Sul, a Agrishow, em 2023. Neste ano, o evento paulista, seguido por alguns outros em todo o Brasil, para evitar o que aconteceu no ano passado, na Agrishow, resolveu fazer a abertura oficial restrita à presença de organizadores e convidados políticos. A medida foi acertada, pois reduziu o impacto negativo – o tumulto – entre expositores e público visitante. Mas bagunçou no dia seguinte, Contudo, houve quem, após o mal-estar no caso Carlos Fávaro, sugerisse não convidar governadores de Estado ou o presidente da República, devido ao imenso trabalho que a presença deles dá em termos de segurança, cerimonial e organização geral.
Mas a verdade é que, desde que não usem as instalações, ruas internas e externas, espaços de expositores para o oba-oba político-partidário, ou seja, para fazer proselitismo em campanhas político-partidárias e, assim, causar sérios transtornos internos e externos, a presença de políticos, com ou sem mandato, e de todas as esferas de poder dos três entes federados é positiva. É a oportunidade de, no tête-à-tête, a classe política conhecer mais o universo de trabalho do produtor rural, suas dificuldades, conquistas e reivindicações de melhorias para o contexto geral da região agrícola e urbana. No caso de governadores e do presidente da República, melhor ainda. É a grande oportunidade de produtores e governo sentarem-se à mesa, com um lado expondo suas necessidades e o outro propondo soluções e anunciando benefícios. Nada mal, sem o oportunismo descarado e mal-educado, sem transformar o evento em palanque eleitoral. Outra coisa é transformar feira de negócios de agro em festas, com promoção de shows artísticos populares para atrair o povão/votos e, ainda, permitir a venda ou oferta de bebidas alcoólicas no ambiente da feira.
O agro, enquanto instituição, tem que manter sua moral, responsabilidade, maturidade política e ética, não só em eventos.
Na Bahia Farm Show deste ano, políticos, com ou sem mandato, com lideranças nos três entes federados, do “alto e baixo clero”; da esquerda, centro, direita e extrema direita passaram por lá de forma educada, visitando estandes e reunindo-se com diretores do evento, sem tumulto e evidenciando maturidade. Claro que cada grupo, cada cor ideológica, de forma separada. Isto é compreensível.
O destaque foi para o governador baiano, Jerônimo Rodrigues, que, sendo convocado de última hora pelo governo federal, não pôde comparecer na solenidade reservada para a classe política, indo no dia seguinte, acompanhado de secretários de Estado e parlamentares. Entrou, dirigiu-se imediatamente ao belo pavilhão da Agricultura Familiar e, depois, de estande em estande, visitou, naquele complexo voltado para causas técnicas do agro regional, as obras do novo laboratório de análise de fibras de algodão da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e até chamou para conversar um grupo de empresários de Barreiras que foi lá, de forma democrática, protestar contra o atraso do início das obras de ampliação do aeroporto da cidade. Por fim, já no auditório da Aiba no parque, anunciou obras, assinou parcerias, falou para o público.
- É do interesse do Estado ver os negócios funcionando e ver a economia se desdobrando em outros aspectos, do social, e de melhoria da vida das pessoas. Vocês estão fazendo com intencionalidade e o Estado precisa acompanhar. Hoje temos essa obra importante, que vai fortalecer a economia local e a qualidade da pluma comercializada pela Bahia - disse o governador em visita às obras da Abapa.
Governador anuncia benefícios para a região oeste da Bahia (Foto: Antônio Oliveira) |
- O esforço que o movimento do agro baiano faz em relação ao meio ambiente é muito intenso. Fazer um evento como esse e demonstrar, com coragem, temas como agricultura de baixo carbono, as tecnologias trazidas aqui, a preocupação de todos os expositores e da indústria, demonstra amadurecimento nessa caminhada. E, se precisamos ajustar, temos um mutirão de esforços da Aiba, da Abapa, dos produtores e de tecnologias para dar continuidade e garantir resultados - falou o governador Jerônimo, já em relação ao Plano ABC+ Bahia, lançado naquela ocasião.
Na coletiva de imprensa para uma preliminar dos resultados da Bahia Farm Show 2024, no final da manhã de sexta-feira, 14, o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), entidade promotora da Bahia Farm Show, Odacil Ranzi, foi questionado por este repórter sobre a presença da classe política em eventos como o que dirige.
- Bom, Antônio, são dois questionamentos. Em primeiro lugar, todos nós sabemos que somos muito eficientes da porteira para dentro da nossa propriedade. A gente domina esse setor, a gente está aumentando a nossa produtividade, ano após ano, com metodologias modernas, com a ampliação, fazendo o nosso trabalho sério”, opinou Ranzi.
A seguir, o presidente admitiu que a entidade que preside tem falhado ao não divulgar muitas coisas que ela tem feito para o setor de agro e para a sociedade das regiões por onde se expandem as lavouras de vários tipos de cultura.
- Mas neste ano a gente mudou um pouco, estamos mudando essa filosofia de não divulgar as coisas que a gente pratica. Nós temos 18 projetos, das mais variadas atividades, desde a inclusão social, trazendo tecnologia e por aí vai até recuperando nascentes. São coisas maravilhosas que acontecem nesta Bahia, mas a grande mídia não toma conhecimento. Mas esse ano, a partir de janeiro, nós fizemos alguns convênios em Salvador e toda semana está saindo na mídia - pontuou.
Odacil Ranzi exaltou a boa vontade do governador Jerônimo Rodrigues, que permaneceu no evento durante mais de seis horas.
- Na última reunião que tivemos com ele, na reunião final, ele pediu para que nós apresentássemos um projeto ou nossa demanda, no máximo em 25 dias e entregássemos para ele em Salvador - disse.
Algumas dessas demandas, ainda conforme Ranzi, são a duplicação das BRs 020 e 242 (uma se funde com a outra na região), no trecho entre Luís Magalhães e Barreiras (um trecho muito perigoso e que se agrava ainda mais durante o escoamento da produção e durante os dias de Bahia Farm Show).
Plateia das lideranças polítcas em recepção ao governador da Bahia (Foto: Anônio Oliveira)
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A Aiba reivindica há tempos a pavimentação das paralelas de frente ao complexo da Bahia Farm Show. Só que o DNIT diz que, primeiro, é preciso duplicar esse trecho da rodovia.
- Nós queremos adiantar essa parte. Então, o governador disse que vai levar o projeto para Brasília e interceder junto ao DNIT, para que nós, se quisermos, façamos o asfalto, enquanto o DNIT providencia as obras de duplicação de todo o trecho da rodovia federal. Então, esses assuntos foram debatidos e nós vamos levar as nossas demandas para o governador - concluiu Odacil Ranzi.
A outra demanda lembrada, neste contexto, é um viaduto em frente ao parque da Bahia Farm Show, facilitando o trânsito da rodovia e de acesso ao aeroporto e ao complexo.
*Este artigo reflete tão somente a opinião de seu autor.
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