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CRISE NA EMBRAPA: - A visão de Silvio Crestana sobre o futuro da estatal de pesquisa

CRISE NA EMBRAPA: - A visão de Silvio Crestana sobre o futuro da estatal de pesquisa

Data de Publicação: 24 de janeiro de 2025 09:19:00 Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa, apresenta propostas para reestruturar a estatal e critica a falta de respostas do Ministério da Agricultura.

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Por Antônio Oliveira

- Com essa máquina que a Embrapa tem hoje, não dá para responder aos problemas colocados pela sociedade, pelo mercado, pelo mundo.

A afirmação é de Silvio Crestana, que presidiu a estatal brasileira de pesquisa agropecuária entre 2005 e 2009, ao portal AgFeed, opinando sobre a crise em que vive a Embrapa, revelada há cerca de uma semana pelo portal e repercutida em artigo deste editor publicado neste site.

Na entrevista, o pesquisador critica a falta de respostas e de ações do Ministério da Agricultura sobre as propostas de reestruturação da estatal feitas em estudo elaborado por um grupo liderado por ele. No início do atual Governo Lula, Crestana fora convidado pelo presidente Lula para voltar a comandar a Embrapa, no que ele recusou, alegando que não era seu projeto, mas aceitando colaborar com o que fosse preciso. E assim foi.

Silvio Crestana (Foto: Agência Brasil)

Em 2023, conforme lembra o AgFeed, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o convidou para projetar o que chamou de “Embrapa do Futuro”. O ministro foi atendido com a criação de um “grupo de notáveis” com o objetivo de diagnosticar e criar uma ação terapêutica para a empresa de pesquisa. O grupo foi formado por ele e por dois ex-ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues e Guedes Pinto. Participaram ainda do grupo Ana Célia Castro e Pedro Camargo Neto.

- A gente olhou uma janela de 10, 15 anos à frente, mas não só com o nosso olhar. Fizemos consultas, conversamos com os setores principais do agro, tanto público como privado, com instituições de pesquisa e universidades – disse ele ao AgFeed.

Ainda conforme Crestana, durante as discussões do futuro da Embrapa, chegou-se a uma grande síntese, “porque no caos que a gente vive, quando você consegue fazer uma síntese, está dando uma grande contribuição”. Essa “grande síntese” – conta Crestana – foi um relatório enxuto, “para tomadores de decisões”, que fora entregue pelo grupo ao ministro Carlos Fávaro e à Presidência da Embrapa em outubro de 2023. Conforme Crestana, o relatório atende a quatro linhas de ação nas quais o governo precisa, com urgência, focar. O projeto tem como prioridade definir os grandes temas prioritários para a pesquisa agropecuária.

- Eu considero, pessoalmente, que o mais importante são as mudanças climáticas impactando a agricultura e nós temos uma boa solução para uma série histórica que estamos vivendo com eventos extremos – disse ele ao AgFeed.

A primeira ação, conforme Crestana, seria definir os grandes temas prioritários para a pesquisa agropecuária.

- Eu considero, pessoalmente, que o mais importante são as mudanças climáticas impactando a agricultura e nós não temos uma boa solução para uma série histórica que estamos vivendo, com eventos extremos – disse ele ao AgFeed.

Em seguida viria a mudança no modelo de gestão da empresa.

- Com essa máquina que a Embrapa tem hoje, não dá para responder aos problemas colocados pela sociedade, pelo mercado e pelo mundo – expôs. Ele diz que a estrutura de gestão da Embrapa, que tem mais de 7,5 mil funcionários e um orçamento de R$ 4 bilhões, é “burocratizada, centralizada e, ao mesmo tempo, sem capacidade de tomada de decisão.

As outras duas linhas de mudanças propostas pelo grupo visam mudar o foco das pesquisas, descentralizar radicalmente a gestão, adoção de novos modelos jurídicos e de financiamento da pesquisa, para tornar a Embrapa cada vez menos dependente de recursos do orçamento público.

- O grupo chegou à conclusão de que tinha que chamar a atenção que a Embrapa está em crise. Tem de reconhecer que existe uma crise e, mais que isso, precisa de ação – apontou Crestana para o AgFeed.

O portal aponta que, de outubro de 2023, após a entrega do relatório ao ministro, até hoje, nenhuma resposta do Ministério da Agricultura.

Sede da Embrapa, em Brasília (Foto: Embrapa)

- A gente não recebeu nenhum feedback, em nenhum momento fomos chamados de volta pelo ministro nem para dizer: olha, nós estamos implementando, nós temos dificuldade em implementar, não concordamos com isso e com aquilo – reclamou Crestana.

Crestana diz ainda que, no final de 2024, o grupo recebeu uma correspondência com uma consulta da atual presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, dizendo que gostaria de apresentar o que já foi feito e pretende fazer ainda em relação ao relatório. A reunião está prevista para fevereiro.

Ao portal AgFeed, Fávaro informou que propostas apresentadas pelo grupo “estão no escopo da programação da Embrapa, que atualmente está executando um plano de ação em curso”.

Quiçá!

Cique aqui para ler a matéria original no AgFeed.

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