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CAMARÃO TIGRE PRETO DO MARANHÃO | Estudo revela potencial e segurança sanitária

CAMARÃO TIGRE PRETO DO MARANHÃO | Estudo revela potencial e segurança sanitária

Data de Publicação: 2 de junho de 2025 16:01:00 Pesquisa pioneira destaca o valor do camarão nativo e sua contribuição para a aquicultura sustentável no Brasil.

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Camarão Tigre Preto, nativo do litoral maranhense (Foto: publicada pela UEMA)

Da redação

Uma pesquisa inovadora, liderada pelo professor Thales Passos de Andrade, do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e da Rede Bionorte, revelou ao mundo o potencial do Camarão, popularmente conhecido como Camarão Tigre Preto, nativo do litoral maranhense. O estudo, publicado na revista Internacional Aquaculture Research, representa o primeiro mapeamento genético e sanitário dessa espécie no Brasil, e os resultados foram impressionantes.

Além de suas contribuições científicas, o estudo fortalece a colaboração entre pesquisa, setor produtivo e comunidades pesqueiras. O pesquisador destaca que “as comunidades litorâneas se tornam protagonistas. A valorização de espécies nativas não apenas promove segurança alimentar, mas também gera renda e inclusão nas cadeias produtivas de alto valor agregado”.

Foto: Publicada pela UEMA

Dos mais de 1.100 exames realizados, nenhum identificou a presença dos 19 patógenos mais significativos para a aquicultura global. Além disso, o estudo indicou um índice de endogamia extremamente baixo, sugerindo um excelente potencial para melhoramento genético e uma produção sustentável.

-  Provamos que a população analisada está livre de patógenos importantes e possui uma estrutura genética adequada para programas de melhoria, abrindo uma nova fronteira para a aquicultura no Brasil, com base em nossas próprias espécies - afirma o professor Thales, que tem mais de 20 anos de experiência em sanidade aquícola e biotecnologia.

A pesquisa, que recebeu o apoio do Laqua-Uema e colaborações internacionais como CSIRO e Genics da Austrália, além da empresa Sabores da Costa/Aquacrusta e da doutoranda Amanda Gomes, demonstra que “a biodiversidade brasileira é nossa maior riqueza. Ao combinar ciência, inovação e compromisso social, transformamos essa riqueza em desenvolviment

Dos mais de 1.100 exames realizados, nenhum identificou a
presença dos 19 patógenos mais significativos para a
aquicultura global (Foto: Publicada pela UEMA)

Este estudo pavimenta o caminho para uma nova geração de soluções em aquicultura sustentável no Brasil, enfatizando o protagonismo das comunidades pesqueiras, a geração de renda e a valorização das espécies nativas.

Fonte: Nilson Cortinhas – Rede Bionorte, com o apoio da UEMA.

 

 

 

Nota da redação do Cerrado Rural Agro:

Em atenção aos questionamentos de leitores sobre a origem do camarão 'Tigre Preto do Maranhão', considerado nativo do litoral maranhense, o site buscou, por meio da UEMA, um esclarecimento sobre essa polêmica. Abaixo, a nota do pesquisador.

"Esclarecimento sobre o uso do termo "nativo" no trabalho com Penaeus monodon no Brasil

Gostaria de esclarecer um ponto importante sobre o nosso trabalho com Penaeus monodon, recentemente publicado e reconhecido pela indústria nacional e por organizações internacionais. Houve uma interpretação equivocada por parte de alguns leitores — e possivelmente também no processo de divulgação — quanto ao uso do termo "nativo" em relação ao camarão-tigre, utilizado em algumas matérias da mídia, mas não na publicação científica original, veiculada na revista Aquaculture Research.

Nosso estudo trata de exemplares de P. monodon coletados no litoral brasileiro, e não de camarões importados diretamente de outras regiões, como o Caribe ou a Ásia. A confusão pode ter surgido pelo fato de que essa espécie é, de fato, originária da Ásia, tendo sido introduzida no Brasil na década de 1980, além de outras possíveis vias de entrada, como água de lastro de navios e correntes marinhas. Desde então, sua presença em ambiente natural tem sido registrada de forma contínua e estabelecida, como demonstramos em nosso artigo, com base em capturas documentadas nos últimos 20 anos e em análises de diferenciação genética.

De acordo com a legislação ambiental brasileira (IBAMA), Penaeus monodon é classificado como uma espécie de ocorrência natural no país, dada sua presença consolidada nos ecossistemas marinhos nacionais. O uso do termo "nativo" — quando eventualmente interpretado fora de contexto — também pode ser compreendido à luz do fato de que essa espécie é capaz de completar seu ciclo biológico em ambiente natural no Brasil. Tal uso pode ser considerado válido dentro de determinadas abordagens ecológicas e biológicas, embora entendamos que possa gerar interpretações divergentes, a depender do contexto e da formação técnica do leitor.

É importante destacar que o foco do nosso estudo vai muito além da discussão terminológica ou biogeográfica. Trata-se de um trabalho técnico e inovador, com elevado impacto científico e tecnológico, que aborda a domesticação de P. monodon em território brasileiro — um feito inédito no país, com enorme potencial para a aquicultura nacional e para as famílias de pescadores que hoje já capturam essa espécie em diferentes estágios de vida ao longo da costa brasileira.

Reconhecemos que o termo "nativo" pode ter diferentes interpretações, especialmente em função da linha de formação de cada leitor e do contexto em que é utilizado. Em sentido estrito, refere-se a espécies originárias de determinada região geográfica. No contexto marinho, no entanto, também pode se aplicar a espécies estabelecidas e integradas ao ecossistema. Ainda assim, para evitar interpretações equivocadas, estamos solicitando a substituição do termo "nativo" por "espécie de ocorrência natural", conforme reconhecido oficialmente pelo IBAMA.

Lamentavelmente, algumas críticas foram feitas sem a devida leitura do artigo original, o que contribuiu para distorções no entendimento do trabalho. Independentemente disso, reafirmamos que os resultados do estudo são altamente relevantes: P. monodon é a segunda espécie de camarão mais cultivada no mundo, e sua domesticação no Brasil representa um avanço estratégico rumo a uma produção mais sustentável, tecnificada e de maior valor agregado.

Reitero o convite para que os interessados acessem e leiam o artigo completo, disponível publicamente, para uma compreensão mais precisa e fundamentada do trabalho realizado. Ressaltamos que a terminologia utilizada em reportagens locais não compromete, em absoluto, a qualidade, a originalidade ou o impacto científico do estudo, e estamos abertos a todo diálogo que contribua, de fato, para a construção do saber e o fortalecimento do nosso trabalho.

Prof PhD Thales Passos de Andrade (LAQUA_UEMA) "

Camarão Tigre Preto, Penaeus Monodon, Uema, aquicultura sustentável, biodiversidade, segurança alimentar, biotecnologia

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