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ENSAIO – Barreiras não é apenas Capital do Agro. É, também, da Literatura e das artes
Data de Publicação: 27 de maio de 2023 12:33:00 Sob o tema “As Literaturas Afro-brasileiras e Africanas – conectando mundos”, a Festa Literária Internacional de Barreiras (FLIB 2023) foi um show de Ciência e Literatura, nos chama à algumas reflexões e mostra que Barreiras não é apenas a Capital do Agro, mas da Literatura, também #flib 2023 #festa literária #feira literária #barreiras #academia de letras @abl
Uma das atividades cultgurais na ABCD (Foto: Comunicação da Prefeitura de Barreiras) |
Por Antônio Oliveira
Este não é apenas um texto informativo. O é, também, de opinião. Esclarecido.
Barreiras, principal cidade do oeste da Bahia, o chamado Além São Francisco, não tem apenas a vocação econômica para o agronegócio e o comércio. Já, há mais de 100 anos, a localidade era um entreposto comercial interligada, por via fluvial (rios Grande e São Francisco) ao antigo nordeste de Goiás, hoje sudeste do Tocantins, e a região de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Mais do que isto, naquela época, a cidade já manifestava, também, sua vocação para a agroindústria, por meio do processamento do algodão, produzido na região, e do pré-processamento da borracha oriunda das mangabeiras da Serra Geral. A cidade tinha, também, graças a visão empreendedora de homens como Geraldo Rocha, Agripino Braga, entre outros, atividades econômicas diversas. Rocha, fundando um complexo agropastorial e agroindustrial, o que, atualmente, se chama de trade. Da visão de Geraldo Rocha surgiu, também, a primeira Usina Hidroelétrica da região, sem barramento de nenhum rio. Apenas, à braços, enxadas e enxadões, na construção de um canal hídrico do Rio de Ondas às turbinas, nas proximidades do seu frigorífico, na época um dos mais modernos do Norte e Nordeste do Brasil. Braga, por sua vez, mantinha uma grande atacadista às margens do Cais do Porto – importava produtos de Juazeiro/Petrolina e exportava para estes, produtos primários da região de Barreiras e do nordeste goiano. O primeiro grande atacadista de Barreiras, feito que, dezenas de anos depois – já no nosso tempo -, empreendido por outro grande visionário: José de Castro.
Barreiras tem, também – e não é de hoje -, uma grande vocação para as artes e, principalmente, para a literatura. É um campo fértil que vem revelando muitos escritores e poetas. Graças a coragem e a determinação de muitos destes – uns ainda entre os chamados vivos e outros, já em outra dimensão -, foi criada na cidade a Academia Barreirense de Letras (ABL), sem dúvida nenhuma uma das mais atuantes e motivadas de todo o Norte e Nordeste do Brasil. Dá-me muito gosto ver a Mirian e Valney correndo de um lado e de outro para que tudo corra bem, interno e externamente. São sacerdotes da causa.
Antiga sede do Paço Municipal requalificada para sediar a ABL (Foto: Jornal do Oeste)
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Homens e mulheres como, começando pelos que já estão escrevendo no “andar de cima”: Luiz Gonzaga Pamplona, Durvalino (Durval) Vasconcelos Nunes, José Agostinho Porto, Ataliba Campos Lima, Dilson Ribeiro de Souza, Lélia Macedo Rocha, Edelvira Wanderley Moreno, Vinicius Azzolin Lena e Claudio Wanderley de Carvalho – salve, amigos.
Com escrivaninha no mundo material: (pela ordem das cadeiras) Antônio de Pádua de Souza e Silva, Théo de Araújo Santos, Solange Tavares da Cunha, Roberto de Sena, Orlando Pereira Faria, Maria Dilma Vilela de Almeida, Inácio Cordeiro Filho, Delisar Nogueira Barbosa, Nadir Xavier de Andrade, Marilde Queiroz Guedes, Ignez Pitta de Almeida, Thiago Ribeiro Rafagnin, Vivaldo Cecílio da Mota, Airton Pereira Pinto, José Tenório de Souza, Antônio Galdino A. de Souza, Miriam Hermes, Carlos Abdon Quirino, Celso Almeida de Lacerda, Zeca Pereira, Robson José Batista, Franco Porto dos Santos, Vicentina Laura de Jesus, Ananda Lima Silva Arruda, Raimundo Augusto Corado, Alberto Silveira Pastos Mariani, Márcia Rasia Figueiredo, Antônia Maria Prado de Araújo, Rui Boris de Lima Mesquita e Valney Dias Rigonato, o atual presente da ABL.
Muitos destes imortais, visando registrar, difundir, preservar e estimular a cultura e as realizações literárias e artísticas de Barreiras, fundaram esta Academia, em 20 de maio de 2005.
Durante muitos anos a Academia funcionou nas casas de amigos, confrades e confreiras, realizando reuniões literárias e participando de eventos literários locais, nacionais e internacionais. Mas, graças a sensibilidade do atual prefeito do município de Barreiras, Zito Barbosa, aos anseios dos imortais barreirenses, a antiga sede da Prefeitura de Barreiras, com sua bela fachada colonial, ainda original nos seus traços, foi requalificada, mantendo a originalidade da fachada e seu anterior readequado para a ABL – recepção, biblioteca, auditório, mini galeria de arte/jardim de inverno, copa, cozinha, salão central, entre outras divisões. Foi uma das maiores contribuições que o Poder Público barreirense já concedeu às artes e a cultura do Município.
Imortais e alguns convidados nos 18 anos da ABL (Foto: Comunicação da ABL)
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Aniversário
No último dia 22, oportuno a Feira Literária Internacional de Barreiras (FLIB 2023), os acadêmicos e seus convidados comemoraram os 18 anos da ABL. Nesta oportunidade, com a presença de quase 200 pessoas que lotaram o auditório e as outras salas, a instituição homenageou personalidades que tiveram participação direta na instalação da entidade na sua sede há um ano, como os empresários Deusdete Santiago e Naldomar Campos. Os outros laureados com o Título de Cidadania das Letras, Ciências e das Artes foram entregues para profissionais que fazem parte da história de Barreiras, contribuindo com o seu trabalho para o fortalecimento educacional, cultural e artístico. São eles e elas, pela ordem alfabética: Clerbet Luiz Nascimento, poeta e escritor autônomo; Eustáquio Ribeiro Boaventura, juiz aposentado e professor universitário; Mário Sérgio, músico e produtor cultural; Mestre Nego, artesão; Nelma Arônia Santos, professora de Literatura e uma das idealizadoras da Flib.
O título foi entregue também para Osmar Mendes Junior, ator e diretor de teatro; Randesmar Vieira, artista plástico e compositor; Valdiva Antunes Pignata, professora aposentada de Língua Portuguesa e Walquiria Terezinha Amorim, professora aposentada da UNEB.
Foi uma noite memorável.
Nos dias seguintes – 23 a 25 -, a ABL participou de diversas atividades da FLIB, com destaque para os lançamentos de quase 3 dezenas de livros, com a presença de seus autores. Os lançamentos foram realizados no auditório da instituição. Vale lembrar - e isto é muito importante para os autores e autoras -, que os livros lançados permanecem para venda na sede da ABL. São obras de vários estilos.
Interação entre a Ciência e as crianças (Foto: Antônio Oliveira)
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A Feira
A FLIB é realizado pela Prefeitura de Barreiras, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo, e contou com a Secretaria de Educação; o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFBA); Núcleo Territorial de Educação (NTE/11); Academia Barreirense de Letras (ABL); Universidade do Estado da Bahia (UNEB), e Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), como Instituições curadoras.
A FLIB deste ano teve como tema “As Literaturas Afro-brasileiras e Africanas – conectando mundos”.
Neste ano, a Festa Literária mostrou que já é uma das maiores da Bahia e, provavelmente, do Norte e Nordeste do Brasil, envolvendo não só a literatura, mas a Ciência, também. Ela foi organizada em estações temáticas, com destaque para a Ciência, numa das praças do Centro Histórico de Barreiras; “Flibinha”, para o público infantil, no clube ABCD, também no Centro Histórico e geral, no Largo do velho Mercado Municipal, Centro Cultural Rivelino Silva de Carvalho e Escola Municipal de Teatro.
Foi uma festa e tanto. Me emocionou muito em ver crianças e adolescentes estudantes surgirem, em caminhada, de cada beco ou ruas do Centro Histórico em direção às estações da FLIB; da mesma forma com uma fanfarra que saiu, a noite, tocando pelas ruas da cidade. Vi muita poesia nisto.
Mas, permita-me, uma sugestão:
A FLIB é realizada nos moldes das feiras literárias de Paraty e de outras cidades da Bahia, ou seja, em estações diversas pela cidade. Eu acredito que, para Barreiras, este modelo não funciona. Poderia ser bem melhor, inclusive para seu foco principal, a Literatura, o lançamento de livros. E livros têm que ser vendidos. O autor tem custos de produção e difusão de suas obras e muitos deles sobrevivem da arte de escrever; precisam desses recursos para sobreviverem e para manter capital para a produção de novas obras.
O ideal, no caso de Barreiras, seria a montagem de um grande galpão no Largo do antigo Mercado Municipal e sob ele estandes para editoras nacionais e regionais e estande coletivo para autores independentes e pequenas editoras; palco, minipraça de alimentação, lounge. Esta estrutura é a melhor para contemplar o foco principal deste tipo de evento: livros, seus autores e seus editores. No atual modelo, os livros lançados e à venda ficaram isolados do público geral na sede da ABL e muitos autores residentes em outras cidades e estados voltaram para casa assim que lançaram sua obra por falta de um espaço próprio ou coletivo no cerne do evento. Anexo a este grande galpão, se teria o Centro Cultural para grandes palestras e o Mercado Municipal para oficinas e galeria de arte. Será um complexo cultural que vaiagregar numa só grande área os autores, demais atores do contexto e o público visitante - sem privilégios para uns, em detrimento de outros. Minicursos, palestras e sempre um convidado especial de expressão nacional.
É fazer isto e projetar a feira no mercado editorial brasileira e promovendo o turismo literário.
Crianças tiveram intensas atividades culturas na sede da ABL (Foto: Antônio Oliveira)
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Mas, valeu todo o esforço e sensibilidade da Prefeitura de Barreiras e seus parceiros para a realização de mais uma edição da FLIB. Parabéns e meu muito obrigado, na condição de pai, editor e assessor de imprensa de um dos autores estreante na Literatura – Cáritas Gomes de Oliveira Almeida/”A Borboleta que descobriu seu voar”. Especialmente, axé, ABL. Salve meu amigo Luíz Pamplona, imagino como não vou aí de cima a contemplar este show de cultura. Salve meu colega, Vinicius Azzolin Lena. Nunca me esqueço de uma ligação sua para mim: "Cara, acabei de ler o seu romance e estou a ler novamente"
Barreiras não apenas capital do agro, mas da cultura, da literatura e das artes. Os alimentos que o oeste da Bahia nos enche o estômago, mantenha nossa matéria viva. A literatura mantém viva, muita viva, nosso Espírito – a energia que nos move.
Lançamentos de livros
(Eu não tive acesso a fotos de outros lançamentos)
Os homenageados
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