Com uma localização estratégica e vastos recursos naturais, Tocantins poderia ser um dos estados mais ricos do Brasil. No entanto, a política conturbada e a morosidade judicial comprometeram o desenvolvimento e deixaram o estado com décadas de atraso.

Antônio Oliveira
Estrategicamente localizado no centro geodésico do Brasil, Tocantins conecta-se ao restante do país por rodovias, linhas aéreas e a Ferrovia Norte-Sul, além de uma hidrovia em projeto. Essas rotas, combinadas com suas ótimas condições edafoclimáticas e recursos naturais abundantes, dariam ao estado o potencial para ser um dos mais ricos do Norte e Nordeste, desviando o eixo econômico das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste para si e seus vizinhos.

Entre as riquezas tocantinenses, destacam-se as excelentes condições para a agropecuária, com culturas de grãos, algodão, frutas, e a criação de gado, ave, caprinos, ovinos e suínos. A abundância de água é propícia à irrigação e à piscicultura, enquanto os solos são ricos em minérios diversos.

Marcelo Mirando no exércio de um dos seus mandatos de governador do Tocantins (Foto: Secom/TO)

O estado viveu um momento de prosperidade durante os primeiros governos, especialmente no período de Siqueira Campos e Moisés Avelino, com a ousada construção de Palmas, uma capital moderna e de alta qualidade de vida, que se consolidou como uma das cidades que mais crescem no Brasil.

Entretanto, esse progresso foi freado por uma série de crises políticas iniciadas após o rompimento entre Marcelo Miranda e Siqueira Campos, por aquele não aceitar o controle deste e por este armar para eleger seu filho, Eduardo, ao governo do Estado.

Ao longo dos últimos 20 anos, Tocantins enfrentou uma sucessão de governadores cassados, presidentes do Legislativo assumindo o Executivo e projetos de desenvolvimento interrompidos pela falta de continuidade e visão de longo prazo. E o Estado pode estar correndo risco de ter mais um governador afastado.

Esses problemas foram agravados pela corrupção e pela falta de fiscalização eficaz por parte de órgãos como o Tribunal de Contas e o Ministério Público. A morosidade do sistema judicial também contribuiu para a instabilidade, punindo figuras públicas de forma lenta e, em alguns casos, injusta, como foi o caso de Marcelo Miranda, que só recentemente foi declarado inocente de uma das acusações que levou à sua cassação.

O Tocantins, que poderia estar à frente no desenvolvimento regional, hoje amarga um atraso de duas décadas, sem perspectivas claras de retomada de seu potencial econômico. Enquanto a Justiça e o Ministério Público não corrigirem seus próprios erros, o estado e seus cidadãos continuarão pagando o preço.

O Estado preciso ser respeito por seu potencial material e humano e por seu inestimável papel de fator precípuo do desenvolvimento do Brasil.

Por fim, pergunto eu e não vai aqui nenhum atrelamento político-partidário.

O caso do ex-governador Marcelo Miranda é uma verdadeira aberração, quando se olha para a morosidade e, às vezes, imparcialidade do MP e da Justiça. Marcelo foi afastado do governo duas vezes, elegeu-se senador, mas foi impedido de assumir pela Justiça. Além disso, foi preso,  humilhado e insultado em praças públicas por pessoas irresponsáveis. Provavelmente, isso afetou sua saúde. Ou seja, ele sofreu enormes prejuízos políticos, morais e materiais.

Agora, só recentemente, a Justiça o declarou inocente de uma das acusações que motivaram sua cassação: o programa “Governo Mais Perto de Você”. O Ministério Público acusa, a Justiça pune – ou enrola para punir – e, depois de todos os danos causados ao acusado, percebe-se que ele é inocente.

Quem vai responsabilizar o Ministério Público e a Justiça por essa morosidade?
Quem vai reparar os danos morais, políticos, materiais e à saúde de Marcelo ou de qualquer outra pessoa que tenha passado por isso?

Pior que prejuízos materiais e políticos é o psicológico abalado por situações como esta que o ex-governador passou.

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