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"O preconceito aos idosos adoece, mata e deveria ser crime"
Data de Publicação: 27 de abril de 2023 16:16:00 Há vários tipos de preconceitos no mundo e um deles é o preconceito aos idosos ou a terceira idade, que passou a ser chamado por etarismo – ou também por idadismo ou ageísmo #terceira idade #preconceito #idadismo #idosos #diferença de idade
Por Antônio Oliveira
Assisti, nestes últimos dias, o documentário Harry e Meghan. No filme, o casal conta o quanto sofreu com os preconceitos de classe e de raça, acentuados por uma imprensa sensacionalista e maldosa que predomina entre os outros veículos de comunicação do Reino Unido, os tabloides. Geralmente, os preconceitos de todos os tipos causam desgraça na vida de suas vítimas e para não ter a vida dos dois e dos filhos destruídas - e por amor -, o casal abriu mão da realeza e foi embora do Reino Unido. O então príncipe Harry era o 3º na linha de sucessão na família real britânica. Meghan, simples atriz de origem negra.
Há vários tipos de preconceitos no mundo e um deles é o preconceito aos idosos ou a terceira idade, que passou a ser chamado por etarismo – ou também por idadismo ou ageísmo. Este tipo de preconceito, sempre acompanhado do deboche faz mal aos idosos que se deixam levar por este tipo de insensibilidade social e pela ignorância.
Antônio Oliveira, jornalista (Foto: Acervo pessoal)
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Estou, neste artigo, me colocando entre os alvos deste tipo de comportamento social no mundo. Hoje eu estou com 65 anos e, desde os 50 anos, tenho sido atacado, tanto pelo preconceito, quanto pelo deboche e pela ignorância. Isto tem ocorrido, comigo porque, dos 50 anos até a idade atual, nunca senti os sintomas da chamada “velhice” ou terceira idade. Vivo, naturalmente, como vive uma pessoa entre seus 30 e 40 anos de vida, em termos de saúde física, psicológica e espiritual. E não é um forçar de barra, vaidade ou coisa que o valha. Sou consequência do tempo moderno, onde a terceira idade começa a se manifestar a partir dos 70 anos, e de uma vida de equilíbrio, desde a meninice. Há as exceções, claro. Aos 59 anos, namorei uma mulher de 35 que resistia ir para a cama comigo. Quando foi, após a relação, ela me perguntou se eu usava Viagra e confessou que evitava um encontro mais íntimo comigo, temendo eu ter um enfarto na “hora h”. Ou seja, a sociedade, na sua maior parte, está equivocada em relação ao que ela chama de “velho”, ou “velha”, neste tempo que chamamos de Moderno.
Essa sociedade exige que nos comportemos como “velhos” e muitas vezes, uns e outros, nos insultam, tipo “quer se novo”, “você está velho demais para isto”, “você está ficando gagá” e por aí vai. E até nos cobra que nos entupamos de medicamentos. Da minha parte, isto nunca me atingiu e/ou me fez mudar de estilo de vida. Fico apenas abismado com este tipo de insensibilidade e continuo vivendo sinceramente, sem esconder minha idade, sem as vaidades, muitas vezes ridículas, que mascaram a idade. E nunca escondi que sou avô, por exemplo - outro preconceito, principalmente de certos tipos de mulher.
Felizmente, não sou caso pontual. Observo nos meios empresariais, políticos, jornalísticos, literários, artísticos, etc., muitos sessentões, setentões e até oitentões em pleno vigor, trabalhando, projetando o futuro e até constituindo nova família. Observo também os que têm relacionamentos com diferenças de idade. Sofrem ataques antiéticos e humilhantes. Tenho visto, por exemplo, o quanto devem sofrer, por este tipo de ataque, os casais Michel Temer e sua esposa Marcela; o atual presidente da República, Jair Bolsonaro e sua esposa, Michela. Os ataques aos idosos que namoram ou são casados com mulheres mais novas e vice-versa são mais ofensivos e agressivos. Ferem.
O preconceito aos idosos é mais grave do que imaginamos. Conforme um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada duas pessoas no mundo já sofreram com ações discriminatórias que pioram a saúde física e mental dos idosos. Aliás, esse relatório tem como objetivo combater estereótipos e promover o debate sobre o assunto. Oitenta mil pessoas de 57 países foram consultadas.
No Brasil, conforme o documento da OMS, este tipo de preconceito atingem as pessoas antes delas chegarem à terceira idade. Quase 17% dos brasileiros com mais de 50 anos já se sentiram vítima de algum tipo de discriminação por estar avançado na idade de vida.
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Vânia Herédia, em entrevista ao site UOL/Viva Bem, o etarismo se manifesta de várias formas. “Essas atitudes e ações dificultam a aceitação e acentuam a negação da velhice. A discriminação por idade é mais forte em sistemas onde a sociedade aceita a desigualdade social”.
Nesta mesma matéria, sua autora, Samantha Serquetani, coloca que “a discriminação por idade pode ser velada e também explícita. O idoso costuma ouvir comentários desagradáveis, como se fossem ‘brincadeiras’ sobre o envelhecimento, ou sente que não foi chamado para uma entrevista de emprego por causa da idade”.
Nesta mesma matéria, a psicóloga Juliana Yokomizo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma que “o etarismo contribui para a baixa autoestima, sentimentos de desemparo, menos valia e leva ao isolamento. O idoso pode ter mais depressão também ao ser discriminado. É uma forma de negar a velhice e os idosos são vistos como perda de vigor físico e a beleza da juventude.
Especialistas dizem ainda que não obstante aos problemas mentais, o preconceito a terceira idade está associado a morte precoce, já que esses ataques pioram as condições de saúde do idoso. “O idoso discriminado e excluído da sociedade aumenta os comportamentos de risco que favorecem o surgimento de doenças, ou seja, deixa de se alimentar adequadamente, bebe ou fuma em excesso, o que reduz sua qualidade de vida”, escreve Samantha Serquetani.
Os malefícios causados pelo preconceito vão mais longe, conforme os especialistas. Os idosos que sofrem preconceito são mais suscetíveis às doenças crônicas a exemplo das cardiovasculares, artrites, além de acelerar o processo de envelhecimento.
E os males causados aos idosos por meio do preconceito não se reduzem aos já supracitados. Ele eleva o número de mortes precoces, por se infiltrar em hospitais e em centros médicos. Muitas vezes ocorrem o racionamento na assistência à saúde do idoso.
O respeito é bem-vindo e faz bem em qualquer classe social.
*Artigo transcrito do site vidaeharmonia.com.br , publicação de 22/12/2022
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