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CRÔNICA - Algodão baiano, o turismo de contemplação além do agronegócio

CRÔNICA - Algodão baiano, o turismo de contemplação além do agronegócio

Data de Publicação: 8 de agosto de 2024 11:31:00 O algodão no Cerrado baiano: beleza natural e força econômica que transcendem o campo

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 O algodão no Cerrado baiano: beleza natural e força econômica que transcendem o campo

 

Por Antônio Oliveira

Nas rodovias federais e estaduais que cruzam a região do Cerrado baiano, especialmente nas BR-020, BR-242, BA-460 e BA-463, uma cena comum chama a atenção de quem passa: viajantes que estacionam seus carros às margens das estradas para apreciar o deslumbrante visual dos campos de algodão em flor ou em plumas, tirando fotos dos algodoais e fazendo selfies com o algodão ao fundo. No ar, passageiros de aviões também se maravilham com essa paisagem que se estende até onde a vista alcança. Essa contemplação não deixa de ser uma atração turística, oferecendo um vislumbre do que muitos buscam nas regiões Norte e Nordeste do Brasil: a diversidade de paisagens naturais e arquitetônicas.

Os camnpos de algodão de um lado e de outro das rodovias enchem
os olhos dos viajantes (Foto: Antõnio Oliveira)

 

Contudo, poucos sabem que, antes de o algodão florescer ou se transformar em pluma, criando esses cenários de rara beleza, há uma enorme dedicação e investimento em tecnologia — desde a semente, o plantio e o manejo, até a colheita e a seleção da fibra. Após a colheita, novos investimentos são aplicados para garantir que a pluma chegue ao final de sua cadeia produtiva com a máxima qualidade.

Poucos sabem que no oeste da Bahia, a cotonicultura é marcada por uma história de empreendedorismo, associativismo e investimentos em pesquisa, tecnologia e sustentabilidade socioambiental. Quase 100% das fazendas produtoras são certificadas por programas nacionais e internacionais de boas práticas, que respeitam o meio ambiente, o ser humano e a legislação brasileira. Entre esses programas destacam-se o "Programa Socioambiental da Produção de Algodão" (Psoal) e o "Algodão Brasileiro Responsável" (ABR), este último sendo um dos mais importantes programas de sustentabilidade do algodão no mundo.

Há 11 anos, o programa ABR ganhou um parceiro internacional de destaque: a Better Cotton Initiative (BCI), referência global em licenciamento de fibra sustentável. A colaboração entre o ABR e a BCI resultou em um benchmarking que posicionou o Brasil como o país com a maior participação no algodão licenciado pela BCI, entre os 22 países onde a organização atua.

A Abapa, que é a Associação Baiana dos Produtores de Algodão, destaca que a complexidade e a seriedade do programa são tão significativas que um produtor certificado pelo ABR automaticamente se qualifica para o licenciamento da BCI, se assim desejar. Isso ocorre porque o ABR é baseado nas legislações Ambiental e Trabalhista do Brasil, cobrindo 183 itens em seu checklist, enquanto a BCI exige 51 itens, todos já contemplados pelas exigências nacionais. Ambos os programas possuem Critérios Mínimos de Produção obrigatórios, eliminando, de imediato, aqueles que não os cumprem.

O programa ABR é coordenado nacionalmente pela Abrapa, em colaboração com a BCI, e é implementado em campo pelas associações estaduais.

O ABR é sustentado pelos três pilares da sustentabilidade (ambiental, social e econômico), com base em oito critérios: contrato de trabalho; proibição do trabalho infantil; proibição do trabalho análogo à escravidão, indigno ou degradante; liberdade de associação sindical; proibição de discriminação; segurança, saúde e meio ambiente do trabalho rural; desempenho ambiental; e boas práticas agrícolas e industriais.

Por trás da beleza dos campos de algodão em flor e em pluma, há também a geração de milhares de empregos, renda e bem-estar para as populações das cidades da região produtora — inclusive com déficit de mão de obra. Além disso, há capacitação, investimentos em infraestrutura e programas sociais, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico das cidades da região. Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Formosa do Rio Preto, Correntina, e povoados como Roda Velha, Novo Paraná e Rosário têm se beneficiado grandemente desse desenvolvimento. São Desidério, por exemplo, destaca-se no cenário agrícola nacional como o maior produtor de algodão do Brasil, com um PIB agrícola que frequentemente oscila entre o primeiro e o terceiro lugar.

O algodão vai além do turismo de contemplação.

 

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